São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2001

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BÉLGICA "HYPE"

Pessoas de toda a Europa convergem para a segunda maior cidade do país atraídas pelos seus dois ícones

Moda e diamantes são ímãs da Antuérpia

DO ENVIADO ESPECIAL À BÉLGICA

Segunda maior cidade belga e capital da região de mesmo nome, a Antuérpia é um centro para onde convergem pessoas de vários locais da Europa, atraídas principalmente por diamantes e moda.
Se essas duas atividades são o corpo da Antuérpia de hoje, seria injusto deixar de registrar uma alma cosmopolita que nasce já no século 16 com o comércio portuário às margens do rio Scheldt (Escalda, em português) -berço da cidade- e segue revigorada no tratamento acolhedor que dá ao turista estrangeiro.
Outra característica da cidade é a bela integração entre o antigo e o novo, acomodando estilos arquitetônicos à primeira vista antagônicos. As novíssimas lojas e joalherias convivem sem problemas com o prédio da prefeitura, de 1565, e com a catedral de Nossa Senhora, considerada a maior construção gótica da Bélgica.
Nessa igreja, construída de 1352 a 1521, o destaque fica por conta das pinturas do flamengo Pieter Paul Rubens (1577-1640), especialmente os dois grandes trípticos que ladeiam o altar principal. O pintor barroco, talvez um dos mais importantes do país, é orgulho da cidade, e a casa onde viveu é conservada como museu, exibindo móveis e objetos de época.
Cerca de 80% da produção mundial de diamantes é lapidada na Antuérpia. Onde? Esse é um segredo muito bem guardado, que só há poucos anos começou a ser revelado, mesmo assim com bastante parcimônia.
Nos arredores da estação ferroviária central, está a região onde ficam as principais joalherias. Também é a região onde se concentra a maior parte dos judeus ortodoxos da cidade. Para manter os locais de lapidação longe dos olhos dos turistas, mas ao mesmo tempo matar todas as curiosidades em relação à pedra, foi criada a Diamond Land (terra do diamante, em inglês).
O local reúne num só espaço uma joalheria e um museu do diamante. Lá, é possível ver como é feita a lapidação da pedra, conhecer como está distribuída a sua produção e lapidação no mundo, saber quais são as diferentes variedades e aprender as características necessárias para se obter os diamantes mais caros.

Moda
Se o seu bolso não comportar a compra do melhor amigo das mulheres, resta a moda. E nisso a Antuérpia é pródiga.
A primeira geração de estilistas formados pela Escola de Antuérpia, o principal centro irradiador da moda local, apareceu nos anos 60. Nessa época, a Antuérpia já era considerada um grande pólo de moda, principalmente por suas butiques e pelos grandes magazines, que reproduziam as criações ditadas por Paris.
A virada radical da Antuérpia na moda acontece no final dos anos 80, quando surge o desconstrutivismo belga. Nessa época, em Londres, ganham evidência os "seis de Antuérpia", grupo de alunos formados na faculdade de moda e que traziam um novo vigor à cena fashion mundial.
Os "seis de Antuérpia" -Walter Van Beirendonck, Dirk Bikkembergs, Ann Demeulemeester, Dries Van Noten, Dirk Van Saene e Marina Yee- ainda comandam a cena fashion local. Andando pela cidade, ainda são os nomes que mais chamam a atenção. Beirendonck, por exemplo, é o curador da megaexposição de moda que a cidade abriga até outubro (veja entrevista com ele à pág. F10).
Mas seria injusto dizer que a cidade vive apenas de seus principais estilistas. A Escola de Antuérpia atrai jovens talentos de toda a Europa, e a moda local está em constante reinvenção. Dois nomes que despontam entre os estilistas da nova geração são Anne-Sophie de Campos Resends e Bernhard Willhelm.
Outro ponto da moda da Bélgica que ganhou destaque mundial é a questão das modelos. O "look" belga se transformou em padrão de beleza. Esse padrão pode ser visto sem grandes dificuldades nas ruas da Antuérpia.
(GUILHERME WERNECK)


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