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BÉLGICA "HYPE"
Pessoas de toda a Europa convergem para a segunda maior cidade do país atraídas pelos seus dois ícones
Moda e diamantes são ímãs da Antuérpia
DO ENVIADO ESPECIAL À BÉLGICA
Segunda maior cidade belga e
capital da região de mesmo nome,
a Antuérpia é um centro para onde convergem pessoas de vários
locais da Europa, atraídas principalmente por diamantes e moda.
Se essas duas atividades são o
corpo da Antuérpia de hoje, seria
injusto deixar de registrar uma alma cosmopolita que nasce já no
século 16 com o comércio portuário às margens do rio Scheldt (Escalda, em português) -berço da
cidade- e segue revigorada no
tratamento acolhedor que dá ao
turista estrangeiro.
Outra característica da cidade é
a bela integração entre o antigo e
o novo, acomodando estilos arquitetônicos à primeira vista antagônicos. As novíssimas lojas e
joalherias convivem sem problemas com o prédio da prefeitura,
de 1565, e com a catedral de Nossa
Senhora, considerada a maior
construção gótica da Bélgica.
Nessa igreja, construída de 1352
a 1521, o destaque fica por conta
das pinturas do flamengo Pieter
Paul Rubens (1577-1640), especialmente os dois grandes trípticos que ladeiam o altar principal.
O pintor barroco, talvez um dos
mais importantes do país, é orgulho da cidade, e a casa onde viveu
é conservada como museu, exibindo móveis e objetos de época.
Cerca de 80% da produção
mundial de diamantes é lapidada
na Antuérpia. Onde? Esse é um
segredo muito bem guardado,
que só há poucos anos começou a
ser revelado, mesmo assim com
bastante parcimônia.
Nos arredores da estação ferroviária central, está a região onde
ficam as principais joalherias.
Também é a região onde se concentra a maior parte dos judeus
ortodoxos da cidade. Para manter
os locais de lapidação longe dos
olhos dos turistas, mas ao mesmo
tempo matar todas as curiosidades em relação à pedra, foi criada
a Diamond Land (terra do diamante, em inglês).
O local reúne num só espaço
uma joalheria e um museu do diamante. Lá, é possível ver como é
feita a lapidação da pedra, conhecer como está distribuída a sua
produção e lapidação no mundo,
saber quais são as diferentes variedades e aprender as características necessárias para se obter os
diamantes mais caros.
Moda
Se o seu bolso não comportar a
compra do melhor amigo das
mulheres, resta a moda. E nisso a
Antuérpia é pródiga.
A primeira geração de estilistas
formados pela Escola de Antuérpia, o principal centro irradiador
da moda local, apareceu nos anos
60. Nessa época, a Antuérpia já
era considerada um grande pólo
de moda, principalmente por
suas butiques e pelos grandes magazines, que reproduziam as criações ditadas por Paris.
A virada radical da Antuérpia
na moda acontece no final dos
anos 80, quando surge o desconstrutivismo belga. Nessa época, em
Londres, ganham evidência os
"seis de Antuérpia", grupo de alunos formados na faculdade de
moda e que traziam um novo vigor à cena fashion mundial.
Os "seis de Antuérpia" -Walter Van Beirendonck, Dirk Bikkembergs, Ann Demeulemeester,
Dries Van Noten, Dirk Van Saene
e Marina Yee- ainda comandam
a cena fashion local. Andando pela cidade, ainda são os nomes que
mais chamam a atenção. Beirendonck, por exemplo, é o curador
da megaexposição de moda que a
cidade abriga até outubro (veja
entrevista com ele à pág. F10).
Mas seria injusto dizer que a cidade vive apenas de seus principais estilistas. A Escola de Antuérpia atrai jovens talentos de toda a
Europa, e a moda local está em
constante reinvenção. Dois nomes que despontam entre os estilistas da nova geração são Anne-Sophie de Campos Resends e Bernhard Willhelm.
Outro ponto da moda da Bélgica que ganhou destaque mundial
é a questão das modelos. O "look"
belga se transformou em padrão
de beleza. Esse padrão pode ser
visto sem grandes dificuldades
nas ruas da Antuérpia.
(GUILHERME WERNECK)
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