São Paulo, segunda-feira, 09 de outubro de 2000

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MAR BÁLTICO
Para explorar todo o museu de São Petersburgo, instalado em 5 palácios, seria necessário mais de 5 anos
Fantasmas são segredo do Hermitage

DA ENVIADA ESPECIAL AO MAR BÁLTICO

O museu Hermitage é, antes de tudo, um mausoléu. Em meio às paredes e tetos trabalhados -ora esculpidos, ora pintados- convivem os fantasmas dos czares que viveram em São Petersburgo e os dos inúmeros artistas que povoam as salas e os salões, representados nos mais de 3 milhões de obras do acervo.
A tarefa de explorá-lo requer um pouco do espírito esquizofrênico. Como decidir entre admirar as obras que desfilam pelos corredores ou a arquitetura dos cinco palácios que as guardam?
A primeira decisão difícil, pois o tempo nunca é suficiente, é que exposições visitar. A escolha vai variar entre cultura e arte russas, culturas primitivas, arte francesa dos séculos 15 ao 20, arte alemã dos séculos 14 ao 20, arte bizantina, arte medieval decorativa e aplicada da Europa ocidental, arte do antigo Egito, entre outras.
O ideal é caminhar pelo museu sem pressa, com toda a paz de espírito possível (o que é quase uma utopia quando se faz parte de um grupo de excursão), depois de já haver pesquisado um pouco sobre seu acervo (veja abaixo o endereço do museu na Internet).
Se não for possível a antecipação, o melhor é se munir de catálogos e panfletos na entrada ou, simplesmente, se deixar orientar pelo guia da excursão, não perdendo de vista sua plaquetinha (ou flor, ou sombrinha colorida).

História
Os palácios que hoje abrigam o museu foram as principais residências imperiais de São Petersburgo. Erguido às margens do rio Neva entre 1754 e 1762, o Palácio de Inverno -o primeiro a surgir, sob as ordens da filha de Pedro, o Grande, Elizabeth- acabou por ditar o padrão arquitetônico palaciano da então capital russa. O projeto, de Bartolommeo Francesco Rastrelli (1700-71), quase não mudou externamente, tendo sido bastante alterado por dentro.
Catarina 2ª, a Grande, que assumiu o trono em 1762, ordenou a construção de outros dois prédios: o Pequeno e o Velho (Grande) Hermitages, para guardar suas obras de arte. Em 1764 ela comprou suas primeiras 225 pinturas, dando início à coleção.
Outro prédio, o Teatro Hermitage, foi construído um pouco depois e ligado ao Velho Hermitage por uma passagem aérea. O último dos palácios foi adicionado ao complexo na metade do século 19, quando o imperador Nicolas 1º decidiu criar o Novo Hermitage.
A visita ao museu, que reflete um pouco a alma do povo russo, tendo resistido bravamente às duas grandes guerras mundiais e às demais turbulências políticas e econômicas do país, merece ser feita em pelo menos três dias.
No final do tour, porém, a sensação de que o passeio foi mal aproveitado é inevitável. Se serve de consolo, uma pessoa que passe um minuto em frente a cada obra do museu vai levar 5,7 anos para dar uma rápida olhada em todas (imaginando que a pessoa não durma nem coma e que o museu nunca feche). (RGV)


Museu Hermitage - Aberto diariamente, exceto às segundas, das 10h30 às 18h (aos sábados, até as 17h); ingressos: 250 rublos (adultos); grátis para menores de 17 anos e para famílias com três ou mais crianças. Taxas: 75 rublos para fotografar e 250 rublos para filmar. Tel. local: (812) 110-9625. Site: www.hermitage museum.org.


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