São Paulo, segunda-feira, 09 de dezembro de 2002

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Moradores de povoado da Reserva Extrativista de Tapajós-Arapiuns controlam chegada de visitantes

Praias brancas pontuam trajeto a Suruacá

DA ENVIADA ESPECIAL À AMAZÔNIA

O viajante que navega pelo rio Tapajós, nos arredores de Santarém, no Pará, acredita estar só, entre praias de areia branquinha, botos-cor-de-rosa e peixes amazônicos de todos os tipos e tamanhos. Isso é um engano. Os ribeirinhos vivem no platô, uma área elevada, a alguns metros do rio, de onde observam tudo.
Ao desembarcar na praia, os visitantes são logo arguidos pelos moradores de Suruacá, povoado da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, sobre o motivo da visita. Não que os caboclos não sejam receptivos, pelo contrário. Mas o extrativista é consciente de seu papel de "vigia" na área.
A Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns fica entre os dois rios que dão nome ao lugar. O Tapajós tem uma imensidão de águas claras, e o Arapiuns é mais estreito e de águas pretas. Há 65 comunidades espalhadas por 659 mil hectares de reserva, entre os municípios de Santarém e Aveiro.
O trajeto de barco até a última comunidade, Nova Canaã, no rio Tapajós, pode durar até três dias. Mas o ecoturismo será desenvolvido primeiro nos povoados mais próximos a Alter do Chão, praia badalada de Santarém.
Não é nada fácil chegar aos povoados da reserva, já que o ecoturismo ainda está sendo introduzido no local. Mas os interessados podem alugar um barco, onde passam a noite em redes.
Outra opção é se aventurar nos barcos de linha que partem do porto de Santarém (informações pelo tel. 0/xx/93/522-2870 ou 522-5721). Autorização do CNPT para entrar na reserva é obrigatória, assim como é recomendável a presença de um guia.

Praias no caminho
Para chegar a Suruacá, o turista passa por várias praias de rio que, dependendo do período do ano, ficam desertas. No inverno, entre dezembro e maio, com o excesso de chuvas, as águas aumentam e as praias desaparecem.
No caminho, fique atento à praia da Ponta do Cururu, perto de Alter do Chão, e à Ponta das Pedras, com infra-estrutura para o turismo. Até Suruacá, são quatro horas de barco, numa viagem tranquila e bonita -de voadeira, o percurso dura cerca de duas horas, mas não é indicado porque a embarcação vira facilmente.
Quem estiver com tempo pode dar uma parada em Solimões, povoado da reserva bastante organizado. Quando chega um visitante, alguém vai recepcioná-lo e toca um sino para chamar os demais moradores. Lá são vendidos adornos, produzidos pelas crianças numa aula de artesanato na escola com pedaços de raízes, paus, folhas e espinha de peixes.
(GABRIELA ROMEU)


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