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São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2003

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Instalado em propriedade cafeeira do séc. 19, Dona Carolina oferece diversão monitorada o dia todo

Recreação ofusca lado histórico de fazenda

DA ENVIADA ESPECIAL A ITATIBA

Giulia Godoy pediu para os pais como presente de aniversário de seis anos, em janeiro, uma estada na Fazenda Dona Carolina Hotel, em Itatiba. A menina havia passado ali as férias de julho com a família e gostou tanto que preferiu abrir mão de uma festa.
A intensa programação diária do hotel, organizada por faixa etária, explica a preferência de Giulia. As atividades (leia mais nesta pág.), que incluem brincadeiras e passeios pela mata com observação de capivaras e macacos, já estão incluídas na hospedagem, tornando mais compensadores os preços das diárias para quem tem filhos (veja preço deste e de outros hotéis da cidade na pág.F7).
Com tanta coisa para fazer, muitos hóspedes acabam não dando atenção aos aspectos históricos da fazenda do século 19, que na época produzia café (parte do terreiro ainda está lá) e teve a restauração da sua sede concluída em dezembro do ano passado.
Embora conste a data de 1872 na porta de entrada da casa-grande, abaixo das iniciais JAC (José Alves Cardoso, primeiro marido da dona Carolina, que dá o nome à propriedade), ela se refere à ampliação do casarão, que, segundo Ângela Stefani, dona da fazenda, deve ter sido erguida cerca de dez anos antes. "Na parte mais antiga da construção, as janelas têm as bordas arredondadas e, na mais recente, elas são quadradas."
A sede, que hoje abriga a recepção, um piano-bar e um miniauditório, mistura mapas, gravuras e documentos (como plantas e uma apólice de seguro de 1896) com mobiliário moderno, por exemplo, sofás almofadados e até carpete (no auditório). "É preciso preservar o conforto do hóspede", justifica Ângela. "O interior da casa não tem nenhuma semelhança com o que era antes."
A taipa da estrutura da parede, de cerca de 60 cm de espessura, está à mostra sob um vidro na sala localizada em frente à recepção. Feita em camadas, ela era pisada pelos escravos para ficar compactada, explica Ângela, que promete ainda colocar um texto explicativo embaixo do vidro. Ela também diz ter a intenção de montar um museu ligado ao café, com maquinário antigo, documentos etc.
Hoje com apenas um pé de café simbólico no jardim da sede, a fazenda produz leite e tem uma horta para abastecer a cozinha do hotel, que prepara com matéria-prima própria muitas iguarias consumidas nas refeições.
Os queijos, a coalhada e os pães, incluindo um pão de queijo servido de mesa em mesa assim que sai do forno, tornam o café da manhã a refeição mais deliciosa do dia e reforçam a sensação de o hóspede estar realmente numa fazenda.
O tom bucólico predomina quando os gansos rondam os comensais na hora do almoço para bicar migalhas de pão jogadas pelas crianças e no passeio ao curral, onde os pequenos vêem a ordenha da vaca e tomam leite tirado na hora. (MARISTELA DO VALLE)


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