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CAFÉ COM TURISMO
Fazendas abrem as portas para turistas e podem virar samba-enredo em 2005
Ouro negro reergue sul fluminense
MARIO HUGO MONKEN
ENVIADO ESPECIAL AO SUL FLUMINENSE
Vinte e quatro antigas fazendas
produtoras de café da região do
Médio Paraíba (sul fluminense) e
que produziram parte da riqueza
do país durante o século 19 estão
abertas para visitação ou hospedagem aos fãs do turismo rural. E,
segundo Nilson Ferreira, carnavalesco da escola de samba carioca Acadêmicos de Santa Cruz, essas fazendas podem virar samba-enredo da agremiação em 2005,
caso haja patrocinadores.
Algumas dessas propriedades,
como a fazenda Paraízo, em Rio
das Flores (a 170 km do Rio), conservam, intactas, as mesmas características do período cafeeiro.
Construída de 1845 a 53, serviu
de cenário para a gravação da minissérie "Um Só Coração", da TV
Globo, encerrada recentemente.
Uma de suas principais relíquias é o maquinário no qual o
café era moído. O equipamento
foi comprado nos EUA e foi o primeiro do tipo a ser usado no país.
A Paraízo conserva as senzalas e
o prédio onde funcionava o hospital dos escravos. A fazenda
mantém ainda os móveis usados
pelos proprietários originais, a família de Domingos Custódio Guimarães, o visconde do Rio Preto.
O mobiliário foi importado da
França. O fogão à lenha original
também foi preservado.
A casa tem dois andares divididos em quatro alas (comercial, social, íntima e de serviço). Na parede de um dos salões, está pintada
a obra "Baía de Guanabara 1800",
do espanhol José de Villaronga.
Outro ponto conservado é o
aqueduto, por onde saía a água
usada na produção do café. Ele se
assemelha aos arcos da Lapa, no
Rio. A Paraízo, que foi a primeira
fazenda a ter iluminação a gás no
país, abrigou o imperador dom
Pedro 2º e a princesa Isabel.
Fazenda União
Perto dali, a fazenda União também conserva alguns traços do
período cafeeiro, embora tenha
perdido muito de sua originalidade por ter passado pela mão de
vários proprietários.
A fazenda, que também pertencia ao visconde do Rio Preto, está
aberta para hóspedes. Quem chega é recepcionado por mulheres
vestidas como sinhazinhas e mucamas, personagens da época.
À noite, é servido o chamado
"jantar dos barões", no qual são
servidos pastel de angu e mandioca frita.
Segundo o atual proprietário da
fazenda, o arquiteto João Reis, em
breve a antiga estrutura das senzalas, que permanecem intactas,
será transformada em quartos para abrigar hóspedes.
Museu dos escravos
A fazenda Ponte Alta, no município de Barra do Piraí, a 119 km
do Rio, abriga o museu dos Escravos, aberto para hóspedes e visitantes. O acervo fica exposto no
lugar onde um dia funcionaram
as senzalas.
O museu possui de obras de
Jean-Baptiste Debret (1768-1848)
que retratam o trabalho escravo a
instrumentos de tortura utilizados pelos senhores de engenho.
O visitante também descobre,
percorrendo o museu, que cada
escravo tinha direito a apenas
duas peças de roupa durante o
ano (uma na época das festas juninas e outra no Natal).
A principal atração da Ponte Alta são os saraus, que apresentam
danças típicas e pequenas dramatizações do século 19. As refeições
são servidas em baixelas de prata,
como no período cafeeiro.
Toda a fazenda é mostrada por
um homem vestido como um barão de café da época. Construída
no início do século 19, a Ponte Alta pertencia ao barão de Mambucaba, um dos maiores produtores
de café da região. Já no século 20, a
propriedade chegou a hospedar o
presidente Getúlio Vargas durante o seu segundo mandato.
A fazenda Galo Vermelho, em
Vassouras (a 116 km do Rio), oferece todos os sábados o chá imperial, no qual revive os encontros
entre os grandes barões do café.
A cidade também tem como
atrativo a história contada pela fazenda Secretário. Os jardins da
propriedade possuem estátuas
em ferro fundido da famosa fundição Barbezat & Co., localizada
no vale d'Osne (França), típicas
da época do café. O local também
serviu de cenário para minisséries
da TV Globo, como "Os Maias" e
"O Quinto dos Infernos".
Na página www.valedocafe.com.br há informações sobre outras fazendas na região que estão
abertas para visitação.
Mario Hugo Monken viajou a convite
do Sebrae/RJ.
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