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CAFÉ COM TURISMO
Economia cafeeira migrou do sul fluminense para o Oeste Paulista por causa do cansaço das terras
Monteiro Lobato narrou declínio do vale
DA REDAÇÃO
"Toda a seiva foi bebida e, sob
forma de grão, ensacada e mandada para fora. Mas do ouro que
veio em troca nem uma onça permaneceu ali, empregada em restaurar o torrão. Transfiltrou-se
para o Oeste, na avidez de novos
assaltos à virgindade da terra nova." Dessa forma,
Monteiro Lobato descreveu
em "Cidades
Mortas" a decadência da região do Vale do
Paraíba, que
até 1850 havia
se embebido
da riqueza adquirida com o
café, sinalizando a direção da
nova opulência: o Oeste
Paulista.
Numa viagem à região, pelo menos em um aspecto fica claro por
que a produção cafeeira sucumbiu no vale. Situado entre o litoral
e a serra, a geografia impedia a expansão cafeeira. As terras cansadas tornaram-se de baixa rentabilidade. Já no Oeste Paulista não
faltava solo para cultivar mais e
mais pés de café.
Mas não foi só isso que fez com
que a trajetória da expansão do
café "abandonasse" Vassouras e
Bananal, respectivamente as "capitais do café" em terras fluminenses e paulistas, para rumar a
Limeira, Campinas, São Carlos,
Rio Claro, Ribeirão Preto.
Enquanto os cafeicultores do
Vale do Paraíba sustentavam a
monarquia -haviam sido recompensados com terras cedidas
pelo governo imperial, que lhes
dava os títulos nobiliárquicos, daí
a alcunha barões do café-
e investiam na
compra de
mais escravos
numa época
em que o fim
do tráfico e da
escravidão dava as caras, os
fazendeiros do
Oeste Paulista
buscavam uma
nova alternativa de mão-de-obra (imigrantes) e gastavam
em tecnologia.
A decadência
do café no vale era irreversível.
Visitar as fazendas de café no
Rio ou em São Paulo é recuar na
história da economia cafeeira no
século 19. Uma parada na região
de Limeira conta outra importante parte da história: as primeiras
experiências com imigrantes. A
fazenda Ibicaba, do antigo regente do Império Nicolau de Campos
Vergueiro, acolheu os primeiros
imigrantes em 1847. Não deu nada certo. Alemães e suíços se revoltaram. Hoje a fazenda está
aberta para visitação.
(MARGARETE MAGALHÃES)
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