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FLÓRIDA DE BRINQUEDO
Parque em Tampa estréia o musical "Katonga", inspirado na natureza e em tradição africana
Broadway faz uma visita a Busch Gardens
PEDRO IVO DUBRA
ENVIADO ESPECIAL À FLÓRIDA
Busch Gardens, Tampa, oito horas da noite. Smokings e vestidos
brilhantes abandonam as limusines e pisam o tapete vermelho para presenciar o espetáculo "Katonga - Musical Tales from the
Jungle" (lendas musicais da selva), a nova atração do parque temático criado em 1959, um dos
destinos diletos do turismo de
massa nos EUA.
A reportagem da Folha, devidamente engravatada, acompanhou
a pré-estréia do "show", primeira
incursão do gênero, em tais proporções, do sempre expansivo padrão Broadway de qualidade por
aquelas paragens da Flórida.
Aberto desde o dia 8 de abril ao
público, o musical de 35 minutos
de duração e elenco formado por
18 artistas se filia ao tema básico
do parque onde é exibido, a África
e a sua natureza.
No enredo, há um quarteto de
personagens que almejam ser
"griots", contadores de histórias.
No palco, eles desfiam as suas sagas, entre elas, a de uma lagarta
que se transforma em borboleta.
As narrativas são todas entremeadas por passagens que reúnem
saltos acrobáticos e atores fantasiados de insetos, macacos, sapos.
Entre os responsáveis pela empreitada está o designer de fantoches e bonecos Michael Curry,
que trabalhou nas produções de
"O Rei Leão" e "O Beijo da Mulher
Aranha", além do iluminador
Don Holder, vencedor do Tony,
espécie de Oscar teatral dos EUA.
São realizadas quatro sessões diárias "gratuitas" da peça, ou seja,
incluídas no preço do ingresso.
Cada apresentação comporta até
1.200 espectadores.
A primeira delas revelou uma
faceta interessante do fenômeno
Broadway na Terra do Sol: sem
ser propriamente "Hamlet", "Katonga" representa o teatro dentro
do teatro. Ou melhor, o entretenimento dentro do entretenimento.
Tudo num parque temático
transpira a encenação, da aparência cenográfica dos prédios às atitudes dos funcionários e dos animadores das atrações. Os próprios freqüentadores parecem
transformar-se em personagens e,
ávidos, percorrem as atrações como se elas fossem performances.
A première de "Katonga - Musical Tales from the Jungle" exacerbou a teatralidade latente: a platéia gritava e batia palmas em cena aberta a cada acrobacia ou firula vocal. Na porta do teatro Moroccan Palace, antes do início da
apresentação, turistas "comuns"
olhavam para os convidados, separados pelo cordão de isolamento, e deles batiam fotos, tentando
descobrir quem eram as celebridades, a exemplo de uma certa telenovela brasileira.
A excitação dos que assistiram à
peça tinha fundamento: em termos de espetaculosidade, o musical lança mão de efeitos especiais e
mudanças de cenários requintados. O Busch Gardens não revela
o valor do investimento, mas não
é difícil deduzir que milhões de
dólares, entre a produção, a divulgação e a manutenção da engrenagem, foram ali empregados.
E, se sobra espetáculo, falta um
pouco de trama, que poderia ser
mais encorpada. Poderia haver
mais texto e menos pretexto para
a exibição de ações mirabolantes.
De qualquer forma, ainda que
alguns prefiram a síntese e a sugestão ao desenfreado fluxo de
efeitos, o pano desce, as pessoas se
põem de pé e com fúria aplaudem
o que viram. A felicidade e a fantasia triunfam mais uma vez.
Pedro Ivo Dubra viajou a convite da
Busch Entertainment Corporation.
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