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Vulcão emoldura percurso no deserto
Depois de quase 17 quilômetros pedalando na aridez do Atacama, grupo se surpreende com lagoas salgadas
No terreno arenoso, trecho final parece mais longo do que é; durante passeio é necessário beber bastante água
Luisa Alcantara e Silva/Folhapress
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Grupo de ciclistas no Atacama faz uma parada enquanto a guia (à esquerda) explica o percurso de 17 quilômetros; vegetação rasteira e montanhas contornam a paisagem no trajeto
DA ENVIADA A SAN PEDRO DE ATACAMA
A reportagem esteve em
San Pedro de Atacama, no
norte do Chile, para experimentar a modalidade de viagem que inclui no roteiro
passeios de bicicleta.
Eram 15h30 quando o grupo de cinco pessoas saiu, levado por uma guia e seguido
por uma van com um rack
múltiplo. Antes de subir na
magrela, a guia distribuiu os
capacetes, dizendo que são
obrigatórios, e as luvas
-boas para evitar calos nas
mãos-, opcionais.
Foram 17 km pedalando
por paisagens emolduradas
por uma linha de montanhas
e o vulcão inativo Licancabur. Como o clima é bastante
seco, já que se trata do deserto do Atacama, o mais árido
do mundo, a guia ficava sempre insistindo para que o grupo se hidratasse.
A regra é: se for pedalar
mais de cinco quilômetros,
ou mais de 20 minutos, hidrate-se constantemente.
Lá pelo quilômetro dez, a
guia fala para o grupo fazer
uma parada "naquela árvore, ali na frente".
A árvore parece estar bem
próxima mesmo. Ledo engano. Após pedalar muito, a árvore continua sendo uma
mancha escura no horizonte
bege. Só depois de pedalar
cerca de três quilômetros
-que no piso árido parecem
o dobro-, o grupo chega.
Uma parada para tomar
água e dar uma descansada e
o grupo volta ao pedal.
Mas, logo em seguida,
uma das participantes derrapa no chão arenoso, cai e machuca o tornozelo. A guia,
que está mais à frente, vê que
algo errado aconteceu e volta. E a van que seguia logo
atrás vai socorrer a participante e o marido, que também para e vai ajudá-la.
Recompensa
Os outros três integrantes
do grupo seguem viagem.
Cansados, depois dos 17 km
-em São Paulo, a distância
seria o equivalente a uma caminhada de ida de volta entre o Conjunto Nacional, na
avenida Paulista, e a entrada
principal da Cidade Universitária -o grupo se depara
com a laguna Sejas.
A água da lagoa tem concentração de sal três vezes
maior que a do oceano, assemelhando-se à água do mar
Morto, no Oriente Médio.
É hora de pular na água gelada, antes que o corpo esfrie. Então, a diversão: o corpo flutua na água nesse que é
um dos passeios mais concorridos do Atacama. Mas está frio e, poucos minutos depois ninguém aguenta mais.
A guia oferece frutas secas, água e cerveja -os piqueniques são comuns nos
passeios de bike em viagens.
Como o esforço do dia já foi
feito, todos comem e entram
na van para voltar.
No dia seguinte, sinto uma
leve dor no corpo, de quem ficou pedalando em um terreno irregular, cheio de momentos de trepidação. Mas
nada que em algumas horas
em território novo não passe.
Com mapa
Dá para fazer passeios sem
guia. Em San Pedro de Atacama é possível alugar magrelas -cerca de 7.000 pesos
chilenos (US$ 13) por 12 horas- em algumas agências
de turismo na rua Caracoles e
transversais. Mas não se esqueça de levar uma garrafinha d'água e, tão imprescindível quanto, um mapa da região.
(LUISA ALCANTARA E SILVA)
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