São Paulo, segunda, 10 de novembro de 1997.



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NO SUL DA AMÉRICA
Envolta em mistério, a vida do rei do tango terminou num acidente aéreo em Medellín, na Colômbia
Gardel beijou a sarjeta com voz sublime

da Redação
Foi em 24 de junho de 1935 que um

desastre aéreo ocorrido em Medellín, na Colômbia, matou Carlos Gardel.
Nos anos seguintes, sempre no dia da morte do cantor, uma enigmática dama de véu negro depositou flores em seu túmulo, no cemitério de Chacarita, em Buenos Aires.
Cercada de mistérios, a biografia do rei do tango -a música eminentemente urbana de Buenos Aires- é, ainda hoje, obscura.
Com uma carreira fulgurante, que compreendeu a gravação de mais de 500 discos, Carlos Gardel parece ter sido o pseudônimo adotado por Charles Romuald Gardés.
Criado nos arrabaldes da capital argentina, Gardel teve uma infância pobre e ganhava seus trocados vendendo palitos de fósforo e jornais no mercado de Abasto, onde começou a cantar.
Para alguns, o cantor teria nascido no Uruguai, ou mesmo na França, ocultando sua origem para fugir do alistamento militar durante a Primeira Guerra (1914-18).
O ano de seu nascimento também é incerto. Para uns o cantor da alma portenha veio à luz em 1890, para outros, em 1897.

Personagem fulgurante
Elegante, sempre penteado com brilhantina -ao estilo de Rodolpho Valentino, astro romântico do cinema à época-, Gardel iniciou sua carreira solo numa Argentina que resgatava o tango da ilegalidade do bas-fonds.
Gravou "Mano a Mano", "La Cumparsita", "Mi Buenos Aires Querido" e atuou no cinema.
Só não fez uma fortuna porque gastou dinheiro com mulheres rápidas e cavalos lentos.
Voz dissonante, o escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) foi um de seus raros críticos, atribuindo a Carlos Gardel uma melancolia que se tornou a marca registrada do tango. (SC)


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