São Paulo, segunda, 11 de maio de 1998

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SEM COLARINHO
Hospitalidade e proximidade entre as atrações turísticas são um convite para caminhadas em Dublin
Até leão-de-chácara é cordial na cidade

em Dublin

Dan Richardson, autor inglês de guias de turismo, define Dublin, que comemorou seu milênio em 1988, como "uma cidade de tamanho humano e amiga do visitante", porque ela é facilmente explorada pelo turista a pé e por causa da hospitalidade dos "dubliners", tão gentis e prestativos que até os leões-de-chácara são cordiais.
Todas as principais atrações ficam a dez minutos de caminhada do Trinity College ou do Dublin Castle, dois pontos de partida para as visitas.
E a cada dez passos o turista encontra ou um "pub" -célebre por ter sido citado ou frequentado por Joyce ou Beckett, em tempos distantes, ou pelo U2 ou Cranberries, mais recentemente- ou restaurantes a escolher, desde os especializados em comida irlandesa, baseada em ensopados de carne, bacon, batata, cenoura e repolho, ou os mais novos, especializados em comida européia ou asiática para todos os gostos.
Nos "pubs", principalmente no Mulligan's (Poolberg Street), O'Donoghue's (Merrion Row) e Ryan's (Parkgate Street), o visitante, a qualquer hora do dia, bebe a melhor Guinness da cidade, participa do "craic", o papo animado e descontraído dos frequentadores dos bares irlandeses, e ouve a tradicional música irlandesa, que usa instrumentos como a harpa, o acordeão, a flauta, o banjo, o violino e a gaita de foles.
À noite, a atração é o Temple Bar, uma área de ruas estreitas de paralelepípedo transformada, nos últimos cinco anos, em um centro de diversões efervescente 24 horas por dia. Isso depois de ter passado por uma situação de abandono total. Lá estão galerias de arte, butiques de grifes famosas, "pubs", restaurantes, cinemas, teatros e cabarés.
Há também hotéis, desde os modestos até o The Clarence, que foi comprado e renovado pelo U2 e hospeda celebridades do mundo pop que visitam Dublin e querem uma vista para o rio Liffey.
Uma visita a Dublin começa, obrigatoriamente, pelo Trinity College, universidade fundada pela rainha Elizabeth 1ª em 1591, Seu campus é um refúgio de calma e tranquilidade em meio à movimentação e ao barulho da cidade moderna.
Até 1956, a universidade era considerada um reduto protestante. Para a Igreja Católica, estudar no Trinity era "pecado mortal".
Hoje, a universidade tem estudantes católicos e protestantes. Nomes famosos da Irlanda estudaram no Trinity College, entre eles o escritor e dramaturgo Samuel Beckett (1906-1989), Prêmio Nobel de Literatura (1969).
Catedrais
A grande atração do Trinity é a Old Library, a biblioteca construída em 1732 e que abriga 200 mil livros antigos, com destaque para o Book of Kells, que tem uma exposição separada.
O Book of Kells contém, em 340 páginas de pergaminho, uma versão em latim do Novo Testamento escrita e ilustrada a mão por monges irlandeses, provavelmente no século 8º ou 9º.
Outros pontos turísticos imperdíveis de Dublin são as suas duas grandes catedrais, a Christ Church, fundada em 1038, e a St. Patrick's Cathedral, fundada em 1182 em homenagem ao santo padroeiro da Irlanda.
Embora seja a capital de um país predominantemente católico, as catedrais de Dublin são, por razões históricas, da Igreja Protestante da Irlanda.
Hoje em dia, realizam serviços ecumênicos. A St. Patrick's é famosa pelo seu coral de meninos, que pode ser ouvido todos os dias às 11h e às 16h, menos aos sábados.
As lembranças medievais da Irlanda estão no Dublin Castle, erguido no século 13, nas proximidades de uma aldeia Viking às margens do rio Liffey.
Já serviu como sede do governo, prisão, palácio da Justiça, parlamento e fortaleza. Para os amantes das artes, uma visita à National Gallery não pode faltar.
Na entrada, há uma estátua de George Bernard Shaw (1856-1950), dramaturgo nascido em Dublin, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1925.
Benfeitor
A National Gallery expõe 2.000 obras de arte. Há trabalhos de Fra Angelico, Rubens, Rembrandt, Canaletto, Gainsborough e Goya, entre outros.
E, para quem gosta de parques, Dublin oferece o St. Stephen's Green, com jardins de flores, um lago artificial e esculturas dedicadas a figuras nacionais, tais como os escritores W.B. Yeats (1865-1939), feita pelo aclamado escultor norte-americano Henry Moore, e James Joyce (1882-1941), inaugurada em 1982, no dia 16 de junho, o "Bloomsday", dia em que se passa a história de "Ulysses", obra-prima de Joyce.
Outra estátua homenageia o homem que doou, em 1880, o parque aos moradores de Dublin, lorde Ardilaun, filho de Arthur Guinness, o fundador da cervejaria que leva seu sobrenome.
Consta que, depois de desfrutar momentos de paz desfrutando da beleza do parque, os "dubliners" vão até o "pub" mais perto brindar com um copo de Guinness a generosidade do benfeitor.
(ANTONIO CARLOS SEIDL)



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