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SEM COLARINHO
Hospitalidade e proximidade entre as atrações turísticas são um convite para caminhadas em Dublin
Até leão-de-chácara é cordial na cidade
em Dublin
Dan Richardson, autor inglês de
guias de turismo, define Dublin,
que comemorou seu milênio em
1988, como "uma cidade de tamanho humano e amiga do visitante", porque ela é facilmente explorada pelo turista a pé e por causa
da hospitalidade dos "dubliners",
tão gentis e prestativos que até os
leões-de-chácara são cordiais.
Todas as principais atrações ficam a dez minutos de caminhada
do Trinity College ou do Dublin
Castle, dois pontos de partida para
as visitas.
E a cada dez passos o turista encontra ou um "pub" -célebre
por ter sido citado ou frequentado
por Joyce ou Beckett, em tempos
distantes, ou pelo U2 ou Cranberries, mais recentemente- ou restaurantes a escolher, desde os especializados em comida irlandesa,
baseada em ensopados de carne,
bacon, batata, cenoura e repolho,
ou os mais novos, especializados
em comida européia ou asiática
para todos os gostos.
Nos "pubs", principalmente no
Mulligan's (Poolberg Street),
O'Donoghue's (Merrion Row) e
Ryan's (Parkgate Street), o visitante, a qualquer hora do dia, bebe
a melhor Guinness da cidade, participa do "craic", o papo animado
e descontraído dos frequentadores
dos bares irlandeses, e ouve a tradicional música irlandesa, que usa
instrumentos como a harpa, o
acordeão, a flauta, o banjo, o violino e a gaita de foles.
À noite, a atração é o Temple
Bar, uma área de ruas estreitas de
paralelepípedo transformada, nos
últimos cinco anos, em um centro
de diversões efervescente 24 horas
por dia. Isso depois de ter passado
por uma situação de abandono total. Lá estão galerias de arte, butiques de grifes famosas, "pubs",
restaurantes, cinemas, teatros e
cabarés.
Há também hotéis, desde os modestos até o The Clarence, que foi
comprado e renovado pelo U2 e
hospeda celebridades do mundo
pop que visitam Dublin e querem
uma vista para o rio Liffey.
Uma visita a Dublin começa,
obrigatoriamente, pelo Trinity
College, universidade fundada pela rainha Elizabeth 1ª em 1591, Seu
campus é um refúgio de calma e
tranquilidade em meio à movimentação e ao barulho da cidade
moderna.
Até 1956, a universidade era considerada um reduto protestante.
Para a Igreja Católica, estudar no
Trinity era "pecado mortal".
Hoje, a universidade tem estudantes católicos e protestantes.
Nomes famosos da Irlanda estudaram no Trinity College, entre
eles o escritor e dramaturgo Samuel Beckett (1906-1989), Prêmio
Nobel de Literatura (1969).
Catedrais
A grande atração do Trinity é a
Old Library, a biblioteca construída em 1732 e que abriga 200 mil
livros antigos, com destaque para
o Book of Kells, que tem uma exposição separada.
O Book of Kells contém, em 340
páginas de pergaminho, uma versão em latim do Novo Testamento
escrita e ilustrada a mão por monges irlandeses, provavelmente no
século 8º ou 9º.
Outros pontos turísticos imperdíveis de Dublin são as suas duas
grandes catedrais, a Christ
Church, fundada em 1038, e a St.
Patrick's Cathedral, fundada em
1182 em homenagem ao santo padroeiro da Irlanda.
Embora seja a capital de um país
predominantemente católico, as
catedrais de Dublin são, por razões históricas, da Igreja Protestante da Irlanda.
Hoje em dia, realizam serviços
ecumênicos. A St. Patrick's é famosa pelo seu coral de meninos,
que pode ser ouvido todos os dias
às 11h e às 16h, menos aos sábados.
As lembranças medievais da Irlanda estão no Dublin Castle, erguido no século 13, nas proximidades de uma aldeia Viking às
margens do rio Liffey.
Já serviu como sede do governo,
prisão, palácio da Justiça, parlamento e fortaleza. Para os amantes
das artes, uma visita à National
Gallery não pode faltar.
Na entrada, há uma estátua de
George Bernard Shaw (1856-1950),
dramaturgo nascido em Dublin,
vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1925.
Benfeitor
A National Gallery expõe 2.000
obras de arte. Há trabalhos de Fra
Angelico, Rubens, Rembrandt,
Canaletto, Gainsborough e Goya,
entre outros.
E, para quem gosta de parques,
Dublin oferece o St. Stephen's
Green, com jardins de flores, um
lago artificial e esculturas dedicadas a figuras nacionais, tais como
os escritores W.B. Yeats
(1865-1939), feita pelo aclamado
escultor norte-americano Henry
Moore, e James Joyce (1882-1941),
inaugurada em 1982, no dia 16 de
junho, o "Bloomsday", dia em
que se passa a história de "Ulysses", obra-prima de Joyce.
Outra estátua homenageia o homem que doou, em 1880, o parque
aos moradores de Dublin, lorde
Ardilaun, filho de Arthur Guinness, o fundador da cervejaria que
leva seu sobrenome.
Consta que, depois de desfrutar
momentos de paz desfrutando da
beleza do parque, os "dubliners"
vão até o "pub" mais perto brindar com um copo de Guinness a
generosidade do benfeitor.
(ANTONIO CARLOS SEIDL)
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