São Paulo, segunda, 11 de maio de 1998

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DIVINO
São Luís do Paraitinga festeja de 22 a 31 deste mês
Interior de SP une o sagrado e o profano casario de São Luís do Paraitinga, cidade situada a 173 km de São Paulo, com a igreja Matriz em destaque

SEBASTIÃO NASCIMENTO
da Reportagem Local

A mais popular festa da cidade de São Luís do Paraitinga (173 km a leste de São Paulo), acontece de 22 até o dia 31 deste mês.
É a Festa do Divino Espírito Santo, que tem uma tradição de 150 anos e combina o que há de mais sagrado nas cerimônias religiosas cristãs com os folguedos profanos das ruas.
A Igreja Católica promove e tem nas mãos as rédeas da festa. A população de São Luís e os visitantes que para lá se dirigem em grande número assistem, durante pouco mais de uma semana, a procissões grandiosas emolduradas pelo casario centenário da cidade.
Participam ainda de missas solenes e de novenas piedosas.
"A Festa do Divino é um dos principais marcos da fé da população local", diz Marcelo dos Santos Toledo, membro do Comitê Pró-Associação para o Desenvolvimento Cultural e Ambiental.
Mas a população que reza bastante também gosta de comemorar a Festa do Divino nas ruas. Corre das braçadas desferidas pelos bonecos gigantes João Paulino e Maria Angu. Assiste à cavalhada -uma espécie de teatro equestre da Idade Média que representa as batalhas travadas entre mouros e cristãos na península Ibérica.
Participa das danças do moçambique, do jongo e da congada, trazidas por escravos africanos que vieram trabalhar nas lavouras de café do Vale do Paraíba.

Fartura
A Festa do Divino representa ainda a fartura. "Simbolicamente, ela é sempre realizada ao final das colheitas", diz Toledo.
Segundo ele, nos primeiros anos da festa era feita uma grande distribuição de pães e doces.
Atualmente, é o suculento "afogado", um prato à base de carne de boi e batatas cozidas, preparado em grandes tachos de ferro. O prato é fartamente servido aos participantes da festa.
Este ano, talvez devido à crise, o "afogado" será distribuído em dois dias somente. Mesmo assim, os promotores da festa garantem que irão abater 30 animais.
"Poucas festas dão tanta comida. Já houve ocasião em que cem bois foram para o tacho", afirma Toledo.
Uma pinga da terra, a Luizense, forte como o cozido de carne, acompanha o "afogado".

Folia do Divino
A Festa do Divino leva um ano para ser preparada. Logo após o término de uma delas, a chamada Folia do Divino, formada por luizenses que cantam e tocam instrumentos como viola e triângulo, parte para a zona rural de São Luís para angariar auxílio para a próxima festa.
Alguns fazendeiros dão bezerros. Outros, frangos. Todos eles, porém, oferecem um jantar à Folia do Divino, do qual participa a população do bairro.
É a Igreja Católica que escolhe o festeiro, ou seja, aquele que supervisiona todo o trabalho de preparo e execução da Festa do Divino.
Para a festa deste ano não foi eleito o festeiro.
Uma comissão formada por moradores da cidade está à frente. Dela faz parte uma figura bastante popular em São Luís. Trata-se de Anésio Rodrigues da Silva, conhecido localmente como o "Rei Canário".



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