São Paulo, segunda, 11 de maio de 1998

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SÃO BENTO
Coleção é aberta ao público
Biblioteca de mosteiro sai da clausura

Folha Imagem
O atual edifício do mosteiro de São Bento foi construído entre 1910 e 1922


JOSÉ MINDLIN
especial para a Folha

Pela mão de Ricardo Araújo visitei recentemente a biblioteca do mosteiro de São Bento, que imaginava muito menos acessível do que na realidade ela é, e, por isso mesmo, nunca tinha procurado visitá-la, nem mesmo quando, em 1932, fiz minha linha de tiro no colégio de São Bento.
Recebeu-nos dom Marinho, seu diretor, e tive a surpresa de encontrar, em vez de uma vetusta "lavraria", no estilo do filme "O Nome da Rosa" ou do convento de Mafra, uma biblioteca moderna, arejada muito bem, diria até belamente instalada, com atraentes estantes abertas, num ambiente acolhedor, construído em dois níveis.
O acolhedor é relativo, diga-se de passagem, porque só o é para homens, mas a consulta é pública, e as pessoas interessadas podem se reunir numa saleta ao lado e, através de um pequeno postigo, pedir os livros desejados, nesse caso sem distinção de sexo.
Supreendeu-me também a modernidade e a variedade do acervo, pois, além das obras religiosas fundamentais, há um bom conjunto de literatura, história, estudos sociais, obras sobre outras religiões e várias coleções de periódicos, como, por exemplo, a "Revista do Arquivo Municipal de São Paulo".

Raridades
Os livros raros são poucos, pelo menos os que vi numa única estante fechada, mas não é impossível que exista uma arca reservada, esta realmente restrita, para obras de maior valor.
O que vi não me deixou com inveja. Mas isso não significa qualquer demérito para a biblioteca, pois ela constitui uma importante fonte de referência e de consulta para os estudiosos que a procurarem. Ali se encontram alguns milhares de volumes bem conservados e, ao que parece, bastante consultados.
Não sei se é suficientemente conhecida ou se propositadamente se mantém discreta.
Mas a visita me impressionou muito bem. E me deu vontade de voltar.


José Mindlin, 83, é empresário e bibliófilo



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