São Paulo, segunda, 11 de maio de 1998

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SÃO BENTO
Guilherme de Almeida, Américo Brasiliense e Sérgio Buarque de Hollanda estudaram na escola do mosteiro
Colégio forma turma de devotos do saber

free-lance para a Folha

O maior preciosidade que um homem pode obter, dizem os beneditinos, é a possibilidade de salvação da alma. Mas esse pensamento não impediu a ordem de reunir alguns tesouros.
A basílica do mosteiro de São Bento possui um órgão de 700 tubos e imagens de Nossa Senhora da Conceição (1722), são Bento e santa Escolástica.
Outros tesouros são a imagem da Virgem de Kasperovo, ícone russo incrustado em uma das colunas da igreja, e um crucifixo datado de 1777.
Finalmente, há no prédio uma biblioteca que conta com mais de 70 mil volumes, sendo muitos deles raros.

Alunos famosos
O mosteiro de São Bento é o mantenedor do colégio de mesmo nome. O colégio é uma atração na cidade de São Paulo, pois é a única escola que se mantém no centro da cidade desde 1903, ano em que o colégio foi fundado.
O primeiro aluno a se matricular no colégio foi Gofredo da Silva Telles, hoje conceituado jurista.
No quadro de professores das primeiras turmas figuravam nomes tais como Afonso de Escragnole de Taunay, Alfredo Porchat e Heitor Tobias de Aguiar (neto do brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar).
Os alunos do colégio que se tornaram famosos são muitos. Entre eles estão Sérgio Buarque de Hollanda, Guilherme de Almeida, Américo Brasiliense, Antunes de Moura e os imortais Paulo de Almeida Nogueira Filho e Plínio Marques da Silva Airosa, André Franco Montoro (ex-governador paulista), Francisco Prestes Maia e José Carlos de Figueiredo Ferraz (ex-prefeito de São Paulo).
O colégio de São Bento também tem uma escola de teatro desde a sua fundação.
Nessa escola fizeram seus primeiros ensaios os atores Sérgio Cardoso, Carlos Moreno, Tarcísio Meira, Raul Cortez e o músico Paulo Ricardo.

Fé secular
Uma coisa ocorre no mosteiro de São Bento há muitos séculos: a fé. De um período em que a vida religiosa só fazia sentido como cruzada evangélica em direção a um mundo novo, os religiosos que fundaram o mosteiro trouxeram apenas palavras do que pensavam ser a verdade.
A região da aldeia de Piratininga mudou, os meios de transporte passaram da tração animal para os bondes e, finalmente, para o ônibus moderno e o metrô.
Entretanto, o mosteiro continua silencioso, mudo, a transmitir a regra que um dia se difundiu para toda Europa e resto do mundo com o trabalho de beneditinos e cistercienses -ordem fundada em 1098. (RICARDO ARAÚJO)



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