São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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MARROCOS

Majestosa, Meknes é "Versailles marroquina"

Lenda conta que sultão destruiu palácios de outras cidades para que sua preferida fosse a mais bela

Jacques Bravo/France Presse
A porta Bab Mansour-el-Aleuj separa Meknes de sua medina, porção histórica da cidade, e é considerada uma das mais bonitas do país

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MARROCOS

É possível ver as muralhas triplas de Meknes bem antes de entrar na cidade. Majestosa e menos visitada que suas irmãs imperiais, Meknes é conhecida como a Versailles marroquina.
Porém, nessa versão africana, o final da história é bastante diferente. O Roi Soleil não foi guilhotinado e até hoje é cultuado como o rei eterno de Meknes. Durante todo o seu reinado (1672-1727), o sultão Moulay Ismail nunca poupou esforços para transformar a cidade que havia escolhido para ser a capital de seu império.
Reza a lenda que, em um de seus caprichos insanos, Moulay Ismail ordenou que todos os palácios de Fez e Marrakech fossem destruídos, para que sua querida Meknes recebesse o título de mais bela.
Hoje, Meknes é dividida em cidade imperial, medina e cidade nova. E é nessa mesma ordem que o turista deve descobrir os seus segredos.
Na cidade imperial, que ocupa uma área quatro vezes maior do que a medina, não deixe de visitar o que sobrou das obras monumentais de Moulay Ismail. Comece pelas ruínas do celeiro de grãos Héri-es-Souani, pelos poços Dar El-Mar -que abasteciam de água a cidade- e pelos estábulos reais, que têm capacidade para abrigar 10 mil cavalos.
Em seguida, dirija-se ao imenso reservatório de Agdal. Ele foi construído basicamente para alimentar os hammams (banhos mouros), regar os jardins reais e divertir as favoritas do harém do sultão, que tinha 500 mulheres à sua disposição.
Através da Bab er-Rouah, uma das nove portas de Meknes, é possível chegar à mesquita Lalla Aouda. O primeiro grande santuário construído pelo sultão está ainda intacto, mas a entrada é reservada apenas aos muçulmanos.
Já o santuário instalado no mausoléu de Moulay Ismail permite a visita de não-muçulmanos. Aproveite para admirar o magnífico teto de cedro pintado com escrituras corânicas.
As ornamentações do minarete levam as cores das quatro cidades imperiais: o azul de Fez, o verde de Meknes, o amarelo de Marrakech e o branco de Rabat. E finalmente, visite o pátio com sua fonte.
O acesso ao mausoléu -onde ficam os túmulos imperiais- é proibido aos turistas. Mas, durante o dia, é possível ver mulheres muçulmanas rezando perto das cinzas do eterno rei de Meknes.
Não deixe a cidade imperial sem conhecer a Bab Mansour-el-Aleuj, considerada uma das portas mais bonitas do país. Essa suntuosa porta marroquina separa a medina do resto de Meknes.
Na cidade velha os principais pontos turísticos são: a madrassa Bou Inania, o museu Dar Jamaï -que funciona em um palácio magnífico construído no século 19- e um dos mais animados mercados cobertos de Marrocos.
Apesar de viver hoje na sombra de Fez, Meknes sempre atraiu almas sensíveis. O pintor francês Eugène Delacroix, que foi apaixonado por Marrocos, fez uma belíssima série de gravuras sobre a cidade.
E não foram poucos os poetas e escritores que se inspiraram nessa antiga capital imperial. Se houver tempo e vontade, siga até as famosas ruínas romanas de Volubilis. Juntas, elas formam o sítio arqueológico do Império Romano mais importante da África. (LETÍCIA FONSECA-SOURANDER)


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