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NO ESPAÇO
Virgin pretende operar vôo regular em 2007
Ineditismo do espaço seduzirá viajantes vaidosos ou curiosos
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Viajar não é tudo; se vangloriar
da viagem faz parte da coisa para
muitos turistas gabolas. Como já
não existem locais na Terra em
que nunca tenha pisado um turista, o espaço é agora a fronteira final. E já há companhias investindo neste filão potencialmente lucrativo.
Faz parte do jeito de ser desses
turistas procurarem destinos caros, raros, exóticos e sobre os
quais possam jactar-se nas festas.
Faz algum tempo que é possível
viajar de submarino, ou subir em
parte do monte Everest, ou pilotar
um caça, ou experimentar a sensação de "ausência" de gravidade
a bordo de um avião; basta pagar.
E também já houve quem gastou uma razoável fortuna para ir
ao espaço: US$ 20 milhões, no caso dos dois primeiros "turistas espaciais". Foram certamente as
duas excursões mais caras da história do turismo. Mas agora é possível que o preço dessa aventura
caia bastante nos próximos anos.
O americano Dennis Tito, em
2001, e o sul-africano Mark Shuttleworth, em 2002, pagaram os
US$ 20 milhões para embarcar
em uma cápsula espacial Soyuz
russa a caminho da estação espacial internacional em órbita da
Terra. Essas viagens duram dez
dias cada uma.
Uma enquete feita na internet
pelo site da rede de TV americana
CNN sobre a possibilidade de turismo espacial teve 88.055 votos.
A pergunta era: "O turismo espacial vai continuar sendo algo apenas para os super-ricos?". Dentre
as pessoas que responderam à
pergunta, 27% acharam que sim,
por pelo menos cem anos; 36%
acharam que levaria 50 anos para
cair o custo da coisa; e outros 36%
acharam que o preço iria reduzir
bem nos próximos 25 anos.
Mas pode ser que essa era comece bem antes do previsto. Uma
nova empresa "aérea" chamada
Virgin Galactic promete começar
a voar para o espaço nos próximos três anos. O custo cairia para
algo dentro do alcance de milionários de menor poder aquisitivo,
algo como algumas centenas de
milhares de dólares. Há algo de
realidade nesses sonhos.
Recentemente foram realizadas
duas missões com a nave Space-
ShipOne. O primeiro lançamento
ocorreu no dia 29 de setembro
passado na Califórnia (Costa Oeste dos EUA). A empresa privada
do engenheiro americano Burt
Rutan levou US$ 10 milhões do
prêmio X pelo feito de voltar ao
espaço pela segunda vez em cinco
dias, o tipo de regularidade que se
esperaria de um vôo espacial comercial. O prêmio estabelecia que
o intervalo podia até ser maior, de
14 dias.
"Em dez anos, todos saberão
que, se quiserem, eles poderão entrar em órbita durante suas vidas", disse Burt Rutan à TV norte-americana NBC.
O SpaceShipOne foi ao espaço
em duas etapas. Ele decolou a
bordo de uma "nave-mãe" que o
levou até 13,8 km de altitude. Então foi lançado em um vôo de
meia hora até a altitude de 100
km, o "começo" do espaço.
Como deixa claro o nome, a
Virgin Galactic é uma idéia do
aventureiro e empresário britânico Richard Branson, que também
criou uma companhia de aviação
e uma de música com o mesmo
nome, "virgem", em inglês.
Branson, segundo as agências
de notícia, quer começar os vôos
comerciais já em 2007, com passagens a um custo bem menor do
que o pago por Tito e Shuttleworth, meros US$ 200 mil.
O entusiasmo do aventureiro
pode ser precoce. Não se trata
apenas de conseguir a tecnologia
para esse tipo de vôo. É preciso
também que ela amadureça, para
que as viagens sejam tão seguras
quanto um vôo de ponte aérea.
O ônibus espacial americano foi
originalmente previsto para ser,
como mostra a tradução do nome, algo rotineiro. Mas não só o
número de vôos ficou bem abaixo
do sonhado, como dois acidentes
fatais mancharam a reputação do
programa. Os desastres mataram
principalmente astronautas profissionais, mas em um deles -o
do Challenger, em 1986-, uma
das vítimas foi uma "turista",
aquela que seria a primeira professora primária em órbita. Ao
contrário dos ricaços Tito e Shuttleworth, a professorinha Christa
Mcauliffe não sobreviveu para
contar como foi sua viagem.
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