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doces rivalidades
Bem-humorada, rixa é regada a cerveja
CONTENDA > Disputa entre a chique Düsseldorf e a informal Colônia inclui também estilo, poder, vocação turística e futebol
SERGIO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A
DÜSSELDORF E COLÔNIA, ALEMANHA
Düsseldorf e Colônia, as duas
principais cidades do noroeste
da Alemanha, vivem uma intensa e divertida rivalidade que
começa pela cerveja -assunto
seriíssimo para os alemães.
Os moradores de uma Düsseldorf industrial e sofisticada
chamam de "líquido ralo e sem
graça" a cerveja "kölsch", típica
de Colônia. Já os habitantes da
cidade rival, mais turística e casual, xingam a cerveja "alt", orgulho da rival, de "remedinho
horrível", por seu gosto mais
amargo e cor escura.
Durma-se com um colarinho
apertado desses. Que, aliás, fica
apenas por cima de uma polêmica que engloba aspectos como estilo e qualidade de vida,
poder econômico, atrações turísticas e até futebol. Düsseldorf está rindo até agora da
queda do Colônia para a 2ª divisão da Bundesliga no campeonato do ano passado.
Do lado mais acima do rio
Reno, atual capital política da
Renânia do Norte-Westfalia e
principal centro da moda na
Alemanha, Düsseldorf se orgulha da Königsalle, uma espécie
de Champs Elysées com pragmatismo alemão: um quilômetro com suntuosas sedes de
bancos de um lado e butiques
de grifes renomadas do outro,
cortado ao meio por um canal,
árvores, jardins repletos de flores e ciclovias.
Um pouco mais ao sul, à margem do mesmo rio, Colônia, a
antiga capital do Estado, aposta
na sua grande catedral e se produz, perfumada com a tradicional água de cheiro que leva seu
nome, para atrair visitantes
que lhe geram renda.
Tão perto, tão longe
Se Düsseldorf tem um jeitão
mais São Paulo de ser, o estilo
de Colônia é bem carioca. Entre
as duas, a doce rivalidade faz
parecer bem maior a distância
de pouco mais de 40 km vencidos rapidamente pela autobahn (auto-estrada) ou por
trens velozes.
Enquanto o morador de Düsseldorf, mais formal, costuma
usar terno até para comer pizza
-ou salsicha- no domingo à
noite, o de Colônia prefere um
estilo bem mais relax, que não
chega ao exagero de bermudas
ou jeans. Uma é mais executiva,
por conta de suas indústrias e
bancos. A outra, mais universitária, com estudantes predominando na fauna local.
Em um único local a rivalidade Düsseldorf-Colônia arrefece
um pouco. É na Altstadt (Cidade Velha) da primeira, que concentra, em cerca de 500 m2,
mais de 200 restaurantes, cervejarias e bares, numa seqüência conhecida como "o maior
balcão" do mundo. Vem gente
até de Colônia beber sua
"kölsh" ("argh!" para os locais)
e gastar horas em torno de copos e mais copos, debatendo
com energia as diferenças.
Se está mesmo provado que
só é possível filosofar em alemão, como diz a música, a culpa só pode ser da cerveja.
Por natureza, criação ou vocação, diz o lugar-comum, os
alemães são sérios, tensos, rigorosos e meticulosos; através
da "loura", servida nem tão gelada assim, eles soltam seu lado
mais expansivo, generoso, alegre e falante.
Aliás, diga-se, como falam
quando bebem! Parece que discutem sempre. O idioma, ao
que parece, convida.
É nas mesas de bar -ou melhor, das cervejarias- que a polêmica entre as duas cidades
atinge seu tom mais alto.
Nem as salsichas, seus diversos tipos, qualidades, calibres e
tamanhos escapam das ditas
comparações.
A gastronomia, que na Alemanha combina muita carne
suína, batatas e chucrute, além
de tortas e doces servidos com
fartas porções de creme chantili, não é lá muito light.
Embora aqui caiba uma dica
que faria a cabeça do gaulês
Obelix: nas cervejarias e restaurantes da Cidade Velha em
Düsseldorf, vale a pena pedir
um eisbein (ou joelho de porco) assado que, acompanhado
da "alt bier" e de uma mostarda
que dói no cérebro de tão forte,
é de se comer -literalmente-
chorando. Bem diferente do
eisbein gorduroso normalmente servido nos restaurantes alemães no Brasil.
Sergio Costa viajou a convite do grupo empresarial ThyssenKrupp Steel
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