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SERENÍSSIMA
Para mestre da família Seguso, profissional mais velho trabalha melhor, pois pequenos movimentos "fazem a diferença"
Ilha de Murano produz cristal há 700 anos
DO ENVIADO ESPECIAL AO MEDITERRÂNEO
"Não fazemos pírex", diz Gianni Seguso, 55. Seu ofício, na ilha de
Murano, a 5 km de Veneza, é o de
"mestre vetraio" e, para ele,
"quanto mais velho é o profissional que trabalha o vidro, melhor,
pois os pequenos movimentos é
que fazem a diferença".
Ele começou a trabalhar com vidro aos 11 anos, como aprendiz
do pai, Guido, integrante da décima geração da família encarregada do negócio (www.seguso.it).
"Os Seguso fazem cristal desde
1340, ano em que receberam dos
doges o direito de explorar a atividade", afirma, vestido com macacão de mangas e calça curta, num
dos raros momentos em que deixa a frente do forno.
Sob seu comando, 20 outros artesãos dão forma ao cristal, que
derrete a 1.400C para, a seguir,
ser girado e assoprado na ponta
de um tubo oco de aço.
Se não houvesse razões para
acreditar no atavismo do nome
Seguso -sinônimo de cristal de
Murano, como também é o nome
Venini, cujas coleções podem ser
vistas no site www.vetroartisti
co.it-, bastaria admirar a complexidade das peças que saem do
forno da sua fábrica para se render à delicadeza do trabalho.
Cada bolota de vidro derretida é
assoprada, o vidro é martelado ou
torcido com ferramentas de metal
a uma temperatura de 1.000C enquanto esfria -e, aos poucos, vão
surgindo luminárias, castiçais e
vasos multicoloridos.
Alimentado com gás metano, o
forno fica ligado 24 horas por dia.
O processo rejeita o uso de fôrmas -e os artesãos perseguem a
leveza, pois o verdadeiro vidro de
Murano, assoprado, é leve, delicado e encanta pelas cores.
"Vidro é areia", diz Seguso, que
usa areia de Fontainebleau (França). "Já o segredo das cores está na
adição de óxidos de minerais ao
vidro incandescente: óxido de ouro resulta em vidro da cor do rubi;
o azul-escuro leva óxido de cobalto; já o titânio faz o cristal cinza",
diz. Sua fábrica, a Vetreria Artigiana Seguso, não é aberta à visitação e não vende peças para o
público.
(SILVIO CIOFFI)
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