São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002

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SERENÍSSIMA

Para mestre da família Seguso, profissional mais velho trabalha melhor, pois pequenos movimentos "fazem a diferença"

Ilha de Murano produz cristal há 700 anos

DO ENVIADO ESPECIAL AO MEDITERRÂNEO

"Não fazemos pírex", diz Gianni Seguso, 55. Seu ofício, na ilha de Murano, a 5 km de Veneza, é o de "mestre vetraio" e, para ele, "quanto mais velho é o profissional que trabalha o vidro, melhor, pois os pequenos movimentos é que fazem a diferença".
Ele começou a trabalhar com vidro aos 11 anos, como aprendiz do pai, Guido, integrante da décima geração da família encarregada do negócio (www.seguso.it). "Os Seguso fazem cristal desde 1340, ano em que receberam dos doges o direito de explorar a atividade", afirma, vestido com macacão de mangas e calça curta, num dos raros momentos em que deixa a frente do forno.
Sob seu comando, 20 outros artesãos dão forma ao cristal, que derrete a 1.400C para, a seguir, ser girado e assoprado na ponta de um tubo oco de aço.
Se não houvesse razões para acreditar no atavismo do nome Seguso -sinônimo de cristal de Murano, como também é o nome Venini, cujas coleções podem ser vistas no site www.vetroartisti co.it-, bastaria admirar a complexidade das peças que saem do forno da sua fábrica para se render à delicadeza do trabalho.
Cada bolota de vidro derretida é assoprada, o vidro é martelado ou torcido com ferramentas de metal a uma temperatura de 1.000C enquanto esfria -e, aos poucos, vão surgindo luminárias, castiçais e vasos multicoloridos.
Alimentado com gás metano, o forno fica ligado 24 horas por dia.
O processo rejeita o uso de fôrmas -e os artesãos perseguem a leveza, pois o verdadeiro vidro de Murano, assoprado, é leve, delicado e encanta pelas cores.
"Vidro é areia", diz Seguso, que usa areia de Fontainebleau (França). "Já o segredo das cores está na adição de óxidos de minerais ao vidro incandescente: óxido de ouro resulta em vidro da cor do rubi; o azul-escuro leva óxido de cobalto; já o titânio faz o cristal cinza", diz. Sua fábrica, a Vetreria Artigiana Seguso, não é aberta à visitação e não vende peças para o público. (SILVIO CIOFFI)


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