|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FIESTA E FOLIA
Murga leva turista a visitar outras vizinhanças
Blocos que percorrem a capital argentina animam ruas distantes do centro e induzem a passeio dançado
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
No Carnaval de Buenos Aires, seguir as murgas (os blocos
carnavalescos de rua) é uma
maneira de conhecer o lado B
da cidade -bairros menos populares entre turistas.
São mais de 1.200 apresentações de blocos pelas ruas em fevereiro, sempre no fim de semana, em 30 pontos diferentes.
Os desfiles passam sobretudo por bairros mais afastados.
Herança espanhola, as murgas foram reprimidas pela ditadura (1976-1983) pelo tom político das canções. Multiplicaram-se na democracia e desde
1997 marcham ao Obelisco toda terça-feira de Carnaval pela
volta dos feriados de Momo, extintos pelos militares em 1976.
A folga voltou em 2004, mas só
para o funcionalismo público
da capital.
A marca registrada da murga
argentina é o bumbo com prato
típico das bandas marciais. A
dança é coreografada, e o ritmo
tem elementos do tango e da
milonga. Cada grupo tem dança
e batida próprias e nome para
marcar a identidade de bairro:
Os Inimigos do Casamento de
Pompeya, Os Galãs de Baixo
Flores, Os Magos de Saavedra.
"Quem quiser segue atrás",
diz Elza Calvo, coordenadora
do programa Carnavais Portenhos da Prefeitura de Buenos
Aires. Entusiasta da festa, ela
indica as murgas preferidas: Os
Chiflados (loucos) de Boedo,
pelas fantasias, e Os Atrevidos
por Costume de Palermo, pela
dança e música com guitarras.
O percussionista Coco Romero sugere o batuque dos Viciosos de Almagro, pela fidelidade às velhas murgas. Um dos
responsáveis pela retomada do
Carnaval portenho, Romero
organiza, no sábado, 21/2, no
Centro Cultural Rojas (Corrientes, 2.038), o "Carnaval na
Contramão", uma parada de
murgas nascidas de cursos ministrados no local.
Uma vez fora da zona turística, o visitante pode aproveitar o
passeio carnavalesco para explorar o bairro. Em Almagro, há
bons bares de tango, como o
apertado e simpático Boliche
de Roberto (Bulnes, 331), um
armazém de bebidas com cem
anos de história, e o vizinho
Conventillo de Teodoro (Perón, 3.615). As murgas também
passarão pela feira de Mataderos (avenidas de Los Corrales e
Lisandro de La Torre), mercado de comida e artesanato regional mais bacana de Buenos
Aires, que em fevereiro abre
também nas noites de sábado,
além dos domingos.
Texto Anterior: Soteropolitana conta sua experiência nos blocos de rua do Carnaval portenho Próximo Texto: Bloco bem avaliado desfila mais Índice
|