São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

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FIESTA E FOLIA

Murga leva turista a visitar outras vizinhanças

Blocos que percorrem a capital argentina animam ruas distantes do centro e induzem a passeio dançado

THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

No Carnaval de Buenos Aires, seguir as murgas (os blocos carnavalescos de rua) é uma maneira de conhecer o lado B da cidade -bairros menos populares entre turistas.
São mais de 1.200 apresentações de blocos pelas ruas em fevereiro, sempre no fim de semana, em 30 pontos diferentes.
Os desfiles passam sobretudo por bairros mais afastados.
Herança espanhola, as murgas foram reprimidas pela ditadura (1976-1983) pelo tom político das canções. Multiplicaram-se na democracia e desde 1997 marcham ao Obelisco toda terça-feira de Carnaval pela volta dos feriados de Momo, extintos pelos militares em 1976. A folga voltou em 2004, mas só para o funcionalismo público da capital.
A marca registrada da murga argentina é o bumbo com prato típico das bandas marciais. A dança é coreografada, e o ritmo tem elementos do tango e da milonga. Cada grupo tem dança e batida próprias e nome para marcar a identidade de bairro: Os Inimigos do Casamento de Pompeya, Os Galãs de Baixo Flores, Os Magos de Saavedra.
"Quem quiser segue atrás", diz Elza Calvo, coordenadora do programa Carnavais Portenhos da Prefeitura de Buenos Aires. Entusiasta da festa, ela indica as murgas preferidas: Os Chiflados (loucos) de Boedo, pelas fantasias, e Os Atrevidos por Costume de Palermo, pela dança e música com guitarras.
O percussionista Coco Romero sugere o batuque dos Viciosos de Almagro, pela fidelidade às velhas murgas. Um dos responsáveis pela retomada do Carnaval portenho, Romero organiza, no sábado, 21/2, no Centro Cultural Rojas (Corrientes, 2.038), o "Carnaval na Contramão", uma parada de murgas nascidas de cursos ministrados no local.
Uma vez fora da zona turística, o visitante pode aproveitar o passeio carnavalesco para explorar o bairro. Em Almagro, há bons bares de tango, como o apertado e simpático Boliche de Roberto (Bulnes, 331), um armazém de bebidas com cem anos de história, e o vizinho Conventillo de Teodoro (Perón, 3.615). As murgas também passarão pela feira de Mataderos (avenidas de Los Corrales e Lisandro de La Torre), mercado de comida e artesanato regional mais bacana de Buenos Aires, que em fevereiro abre também nas noites de sábado, além dos domingos.


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