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FIESTA E FOLIA
Cidade rebelde, Gualeguaychú faz desfiles à brasileira
Município fechou ponte de fronteira que liga Argentina ao Uruguai em protesto contra fábrica de papel
ENVIADO ESPECIAL A GUALEGUAYCHÚ
Além de ser considerada a cidade mais "rebelde" da Argentina, Gualeguaychú, a 226 km
de Buenos Aires, também é dona da fama de detentora do melhor e maior Carnaval do país.
O título de rebelde vem por
abrigar moradores que fecham
há dois anos uma ponte de
fronteira com o Uruguai, em
protesto contra a instalação de
uma fábrica de papel no lado vizinho. E boa de Carnaval pela
versão local do desfile de escolas de samba à brasileira.
Alas
A folia de Gualeguaychú não
esconde a inspiração no Brasil,
mas tem cara própria. A começar pela duração: são dez noites
de festa. Começa no primeiro
sábado de janeiro e vai até o primeiro sábado de março, período em que cerca de 200 mil pessoas passam pelo Corsódromo,
como é chamado o sambódromo local. Dá uma média de 20
mil festeiros por noite.
Para quem gosta da festa da
Sapucaí, por exemplo, a de
Gualeguaychú é um prato
cheio. Guardadas as devidas
proporções, as comparsas -como são chamadas as agremiações- não fazem feio em fantasias, alegorias e corpos sarados.
Bateria
Já a música é bem diferente:
são "big bands" que estão mais
para a cumbia e o axé do que para o samba brasileiro.
Até o repórter -que já tocou
em bateria de escola de samba e
não botava muita fé nessa história de Carnaval argentino-
mudou de ideia ao ver o desfile
do Corsódromo: a animação é
total e contagiante.
E, mesmo com disputa entre
as três comparsas, o clima é relaxado: passistas param e tiram
fotos com a plateia, foliões empolgados invadem a passarela e
não tomam bronca do pessoal
da harmonia.
Os ingressos por noite de
Carnaval custam de 40 a 100
pesos (R$ 26 a R$ 65). São vendidos nas bilheterias do Corsódromo e por um sistema de reservas via telefone (00/xx/54/
34/4643-5888). Pode ser difícil
encontrar hotel na cidade de 80
mil habitantes durante a festa
-no último final de semana foram 8.656 carros chegando e
lotação esgotada-, mas há opções como chalés afastados e
casas de moradores que alugam
quartos para turistas.
Rio
Também dá para entender a
raiva da cidade com a Botnia, a
fábrica de papel finlandesa que
alterou a paisagem natural na
fronteira. Os rios são o pilar do
turismo local -há praias fluviais, balneários e casas de termas que lotam nos finais de semana. Um passeio de duas horas pelo rio Gualeguaychú sai
por 40 pesos (R$ 26,30), uma
volta de quatro horas pelo rio
Uruguai vale 80 pesos (R$ 52)
por dupla. As opções de turismo pelos rios incluem passeios
noturnos, prática de esqui e
wakeboard e, por 120 pesos (R$
79) por cabeça, saídas de lancha
para ver de perto a fábrica que
fechou uma fronteira e azedou
as relações entre Argentina e
Uruguai.
(THIAGO GUIMARÃES)
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