São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FIESTA E FOLIA

Cidade rebelde, Gualeguaychú faz desfiles à brasileira

Município fechou ponte de fronteira que liga Argentina ao Uruguai em protesto contra fábrica de papel

ENVIADO ESPECIAL A GUALEGUAYCHÚ

Além de ser considerada a cidade mais "rebelde" da Argentina, Gualeguaychú, a 226 km de Buenos Aires, também é dona da fama de detentora do melhor e maior Carnaval do país.
O título de rebelde vem por abrigar moradores que fecham há dois anos uma ponte de fronteira com o Uruguai, em protesto contra a instalação de uma fábrica de papel no lado vizinho. E boa de Carnaval pela versão local do desfile de escolas de samba à brasileira.

Alas
A folia de Gualeguaychú não esconde a inspiração no Brasil, mas tem cara própria. A começar pela duração: são dez noites de festa. Começa no primeiro sábado de janeiro e vai até o primeiro sábado de março, período em que cerca de 200 mil pessoas passam pelo Corsódromo, como é chamado o sambódromo local. Dá uma média de 20 mil festeiros por noite.
Para quem gosta da festa da Sapucaí, por exemplo, a de Gualeguaychú é um prato cheio. Guardadas as devidas proporções, as comparsas -como são chamadas as agremiações- não fazem feio em fantasias, alegorias e corpos sarados.

Bateria
Já a música é bem diferente: são "big bands" que estão mais para a cumbia e o axé do que para o samba brasileiro.
Até o repórter -que já tocou em bateria de escola de samba e não botava muita fé nessa história de Carnaval argentino- mudou de ideia ao ver o desfile do Corsódromo: a animação é total e contagiante.
E, mesmo com disputa entre as três comparsas, o clima é relaxado: passistas param e tiram fotos com a plateia, foliões empolgados invadem a passarela e não tomam bronca do pessoal da harmonia.
Os ingressos por noite de Carnaval custam de 40 a 100 pesos (R$ 26 a R$ 65). São vendidos nas bilheterias do Corsódromo e por um sistema de reservas via telefone (00/xx/54/ 34/4643-5888). Pode ser difícil encontrar hotel na cidade de 80 mil habitantes durante a festa -no último final de semana foram 8.656 carros chegando e lotação esgotada-, mas há opções como chalés afastados e casas de moradores que alugam quartos para turistas.

Rio
Também dá para entender a raiva da cidade com a Botnia, a fábrica de papel finlandesa que alterou a paisagem natural na fronteira. Os rios são o pilar do turismo local -há praias fluviais, balneários e casas de termas que lotam nos finais de semana. Um passeio de duas horas pelo rio Gualeguaychú sai por 40 pesos (R$ 26,30), uma volta de quatro horas pelo rio Uruguai vale 80 pesos (R$ 52) por dupla. As opções de turismo pelos rios incluem passeios noturnos, prática de esqui e wakeboard e, por 120 pesos (R$ 79) por cabeça, saídas de lancha para ver de perto a fábrica que fechou uma fronteira e azedou as relações entre Argentina e Uruguai. (THIAGO GUIMARÃES)


Texto Anterior: Fiesta e folia: Confira a agenda portenha no período
Próximo Texto: Como chegar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.