São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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À ESQUERDA DO TIBRE

Trastevere, o bairro judeu, resume a cara de Roma

Com ruas agitadas e cheias de lambretas, região da sinagoga é lar dos que se dizem verdadeiros romanos

ANDRÉ SARMENTO
ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Não há quem visite Roma pela primeira vez e consiga cumprir um roteiro pré-determinado por suas ruas. Todos alteram a rota algumas vezes.
Não importa o quão disciplinado seja você ou seus acompanhantes, sempre haverá algo que desviará a atenção.
Pode ser uma fonte escondida por um jardim abandonado, uma garagem que mais parece um palácio, uma ruína ou até mesmo um pé de laranja cravado em uma movimentada avenida. Por todos os bairros, ruas e esquinas romanas o viajante esbarra em história.
E talvez seja esse o melhor conselho para conhecer Roma: perca-se. Assim como todos os caminhos levam a ela, dentro da cidade todos os caminhos levam a descobertas.
O bairro judeu romano não é uma exceção. Localizado na região conhecida como Trastevere, é uma das áreas que mais conserva o clima que o viajante imagina encontrar na cidade.
Roupas penduradas nas vielas entre um prédio e outro, pessoas conversando aos berros pelas janelas, ruas estreitas que mais parecem labirintos, lambretas que insistem em trafegar em velocidade maior do que a permitida...
Essa parte da cidade abriga algumas das cenas mais tipicamente romanas sem fazer com que elas pareçam artificiais. Tudo isso misturado a ótimos restaurantes, bares, pubs e lojas de roupas e de decoração.
Não é a toa que os habitantes desse bairro se consideram os verdadeiros romanos.
Lá está a principal sinagoga de Roma, tendo ao lado o Museu da História dos Judeus Italianos. Essa é uma das mais grandiosas e charmosas sinagogas de toda a Europa, podendo mesmo ser confundida com um teatro de ópera.
É em suas ruas que está localizada uma das mais antigas e belas igrejas de Roma: a Basílica de Santa Maria in Trastevere. Segundo a lenda, no ano de 38 a.C. brotou no local uma fonte de azeite, fenômeno que foi interpretado pelos habitantes locais como um sinal de que Cristo estava por vir. Alguns anos depois os fiéis resolveram construir a igreja.
É na praça de mesmo nome que, nas noites mais quentes, principalmente na quinta, na sexta e no sábado, os freqüentadores do bairro se reúnem para beber, conversar ou assistir aos artistas de rua que se apresentam no local.
Como se fosse o centro nervoso do bairro, ela concentra a agitação que, aos poucos, ao longo da noite, se espalha por toda a região.
Andando por todas as ruas labirínticas encontram-se grupos de pessoas indo e vindo, a procura de um restaurante, um bar, uma boate ou apenas em busca da sensação de estar em Roma.
E no bairro judeu, certamente, eles sentirão isso. Lá, a nostalgia dá lugar ao presente.


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