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À ESQUERDA DO TIBRE
Trastevere, o bairro judeu, resume a cara de Roma
Com ruas agitadas e cheias de lambretas, região da sinagoga é lar dos que se dizem verdadeiros romanos
ANDRÉ SARMENTO
ENVIADO ESPECIAL A ROMA
Não há quem visite Roma pela primeira vez e consiga cumprir um roteiro pré-determinado por suas ruas. Todos alteram
a rota algumas vezes.
Não importa o quão disciplinado seja você ou seus acompanhantes, sempre haverá algo
que desviará a atenção.
Pode ser uma fonte escondida por um jardim abandonado,
uma garagem que mais parece
um palácio, uma ruína ou até
mesmo um pé de laranja cravado em uma movimentada avenida. Por todos os bairros, ruas
e esquinas romanas o viajante
esbarra em história.
E talvez seja esse o melhor
conselho para conhecer Roma:
perca-se. Assim como todos os
caminhos levam a ela, dentro
da cidade todos os caminhos levam a descobertas.
O bairro judeu romano não é
uma exceção. Localizado na região conhecida como Trastevere, é uma das áreas que mais
conserva o clima que o viajante
imagina encontrar na cidade.
Roupas penduradas nas vielas entre um prédio e outro,
pessoas conversando aos berros pelas janelas, ruas estreitas
que mais parecem labirintos,
lambretas que insistem em trafegar em velocidade maior do
que a permitida...
Essa parte da cidade abriga
algumas das cenas mais tipicamente romanas sem fazer com
que elas pareçam artificiais.
Tudo isso misturado a ótimos
restaurantes, bares, pubs e lojas de roupas e de decoração.
Não é a toa que os habitantes
desse bairro se consideram os
verdadeiros romanos.
Lá está a principal sinagoga
de Roma, tendo ao lado o Museu da História dos Judeus Italianos. Essa é uma das mais
grandiosas e charmosas sinagogas de toda a Europa, podendo
mesmo ser confundida com um
teatro de ópera.
É em suas ruas que está localizada uma das mais antigas e
belas igrejas de Roma: a Basílica de Santa Maria in Trastevere. Segundo a lenda, no ano de
38 a.C. brotou no local uma
fonte de azeite, fenômeno que
foi interpretado pelos habitantes locais como um sinal de que
Cristo estava por vir. Alguns
anos depois os fiéis resolveram
construir a igreja.
É na praça de mesmo nome
que, nas noites mais quentes,
principalmente na quinta, na
sexta e no sábado, os freqüentadores do bairro se reúnem para
beber, conversar ou assistir aos
artistas de rua que se apresentam no local.
Como se fosse o centro nervoso do bairro, ela concentra a
agitação que, aos poucos, ao
longo da noite, se espalha por
toda a região.
Andando por todas as ruas labirínticas encontram-se grupos de pessoas indo e vindo, a
procura de um restaurante, um
bar, uma boate ou apenas em
busca da sensação de estar em
Roma.
E no bairro judeu, certamente, eles sentirão isso. Lá, a nostalgia dá lugar ao presente.
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