São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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mercadões

Empórios concentram de tudo um pouco

VARIEDADE De favas de baunilha a caviar beluga, a banca do Ramon e o Empório Chiappetta são referências no mercado

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem tiver pouco tempo para conhecer o mercado pode ir direto aos empórios. A banca do Ramon é um dos boxes preferidos dos chefs Renato Lópes, 29, do Filipa, e Luiz Emanuel, 31, do Allez Allez.
"No Ramón eu encontro a maior parte dos produtos. E se não tem lá e eu estou com pressa, os vendedores conseguem tudo de que preciso em outros boxes, rapidinho", diz Lópes. São 4.500 itens, segundo o dono, Aldemir Abdala.
Somente de ervas e temperos ele diz ter 300 tipos. Da Índia, vêm os cardamomos e os currys, usados em carnes. Da Itália, o limão peper (limão siciliano seco moído com pimenta), para saladas e peixes. Da França, as ervas de Provence. Cada saquinho, com 100 gramas, custa de R$ 3 a R$ 6.
É fuçando nos cantinhos da loja que se encontram estranhas tiras negras de aproximadamente 15 cm cada uma, que exalam um perfume conhecido. São as favas de baunilha, usadas principalmente para aromatizar doces e sorvetes, vendidas, por unidade, a R$ 20.
Rodar pelos seis boxes sob o comando de Ramon significa esbarrar em patês de foie gras, aspargos, funghi porcini in natura, queijos e azeites extra-virgem que não são facilmente encontrados em supermercados.
O produto mais caro vendido por ali é o caviar beluga, ovas de um dos cinco esturjões que vivem no mar Cáspio, nas costas da Rússia e do Irã. Quem quiser comprar 100 gramas da especiaria terá de desembolsar um valor aproximado de R$ 2.000.
Para Pasquale Nigro, 62, do restaurante Pasquale, é indispensável passar pelo Empório Chiappetta. "Tem de tudo", afirma. Com a primeira unidade aberta em 1908 e no mercado municipal desde que este era na região da 25 de Março, o empório está sob o comando da terceira geração de donos.
Mas não é somente em razão do colorido das frutas secas e dos glaceados nas vitrines que vale a visita. Bater um papo com Leonardo Chiappetta, 53, um dos donos, faz com que o passeio se transforme em uma aula de gastronomia.
"Gosto de contar aos fregueses como se cultiva, se conserva e se utiliza o que ele quiser comprar na minha loja", diz Chiappetta, que começou a freqüentar o mercado aos seis anos: atravessava o parque Dom Pedro a pé para levar a marmita ao pai, que, naquela época, comandava o boxe.
O carro-chefe por ali é o bacalhau. Legítimo, ele é pescado no Atlântico e seco na Noruega. Levar o quilo, que custa entre R$ 38 e R$ 120, vale a pena. Que o diga Harald 5º, o rei da Noruega, que visitou o empório -onde provou bolinhos de bacalhau- em 2003.
"Ele veio ao mercado municipal porque queria conhecer o lugar que mais vende bacalhau no mundo", conta Leonardo. Sua foto ao lado do rei, exposta na parede, não deixa dúvidas sobre a visita ilustre.
Carla Pernambuco, 47, do Carlota, costuma comprar seus temperos em outro empório: o Comercial Nova Tradição. O produto mais caro é o açafrão, usado na paella. Uma caixa com oito gramas sai por R$ 15. O lugar é famoso pela variedade de azeitonas. (PRISCILA PASTRE-ROSSI)


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