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mercadões
Empórios concentram de tudo um pouco
VARIEDADE De favas de baunilha a caviar beluga, a banca do Ramon e o Empório Chiappetta são referências no mercado
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem tiver pouco tempo para conhecer o mercado pode ir
direto aos empórios. A banca
do Ramon é um dos boxes preferidos dos chefs Renato Lópes,
29, do Filipa, e Luiz Emanuel,
31, do Allez Allez.
"No Ramón eu encontro a
maior parte dos produtos. E se
não tem lá e eu estou com pressa, os vendedores conseguem
tudo de que preciso em outros
boxes, rapidinho", diz Lópes.
São 4.500 itens, segundo o dono, Aldemir Abdala.
Somente de ervas e temperos
ele diz ter 300 tipos. Da Índia,
vêm os cardamomos e os
currys, usados em carnes. Da
Itália, o limão peper (limão siciliano seco moído com pimenta), para saladas e peixes. Da
França, as ervas de Provence.
Cada saquinho, com 100 gramas, custa de R$ 3 a R$ 6.
É fuçando nos cantinhos da
loja que se encontram estranhas tiras negras de aproximadamente 15 cm cada uma, que
exalam um perfume conhecido.
São as favas de baunilha, usadas
principalmente para aromatizar doces e sorvetes, vendidas,
por unidade, a R$ 20.
Rodar pelos seis boxes sob o
comando de Ramon significa
esbarrar em patês de foie gras,
aspargos, funghi porcini in natura, queijos e azeites extra-virgem que não são facilmente encontrados em supermercados.
O produto mais caro vendido
por ali é o caviar beluga, ovas de
um dos cinco esturjões que vivem no mar Cáspio, nas costas
da Rússia e do Irã. Quem quiser
comprar 100 gramas da especiaria terá de desembolsar um
valor aproximado de R$ 2.000.
Para Pasquale Nigro, 62, do
restaurante Pasquale, é indispensável passar pelo Empório
Chiappetta. "Tem de tudo",
afirma. Com a primeira unidade aberta em 1908 e no mercado municipal desde que este
era na região da 25 de Março, o
empório está sob o comando da
terceira geração de donos.
Mas não é somente em razão
do colorido das frutas secas e
dos glaceados nas vitrines que
vale a visita. Bater um papo
com Leonardo Chiappetta, 53,
um dos donos, faz com que o
passeio se transforme em uma
aula de gastronomia.
"Gosto de contar aos fregueses como se cultiva, se conserva
e se utiliza o que ele quiser
comprar na minha loja", diz
Chiappetta, que começou a freqüentar o mercado aos seis
anos: atravessava o parque
Dom Pedro a pé para levar a
marmita ao pai, que, naquela
época, comandava o boxe.
O carro-chefe por ali é o bacalhau. Legítimo, ele é pescado
no Atlântico e seco na Noruega.
Levar o quilo, que custa entre
R$ 38 e R$ 120, vale a pena. Que
o diga Harald 5º, o rei da Noruega, que visitou o empório
-onde provou bolinhos de bacalhau- em 2003.
"Ele veio ao mercado municipal porque queria conhecer o
lugar que mais vende bacalhau
no mundo", conta Leonardo.
Sua foto ao lado do rei, exposta
na parede, não deixa dúvidas
sobre a visita ilustre.
Carla Pernambuco, 47, do
Carlota, costuma comprar seus
temperos em outro empório: o
Comercial Nova Tradição. O
produto mais caro é o açafrão,
usado na paella. Uma caixa com
oito gramas sai por R$ 15. O lugar é famoso pela variedade de
azeitonas.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)
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