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mercadões
Tsukiji traz à tona as iguarias de Netuno
PEIXE FRESCO - Alagadiço, o mercadão toquiota não é chique nem hi-tech; na visita, vale calçar galochas de plástico
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
Nunca vá aos domingos: o
maior mercado atacadista de
pescados do mundo, o Tsukiji
(www.tsukiji-market.or.jp/youkoso/welcom_e.htm), na
estação Tsukiji do metrô, abre
diariamente, das 5h às 15h, mas
fecha nesse dia da semana.
Um dos três entrepostos de
peixe de Tóquio -ao lado dos
mercados de Ota e de Adachi-,
Tsukiji funciona no mesmo lugar desde 1923 e detém 90% do
comércio local de pescados.
Ali, numa área de 21 hectares
que parece um hangar, 1.700
bancas vendem peixes e frutos
do mar de 450 espécies. Há coisas inimagináveis: algas frescas,
peixes secos e, em aquários,
polvos azulados, moluscos e camarões fosforescentes.
Mas a estrela desse mercado
é o leilão de atum, espetáculo
pelo qual vale a pena madrugar
(e até usar galochas).
O evento começa às 5h da
manhã e acaba uma hora depois. Nesse meio tempo, donos
de restaurantes examinam os
atuns congelados que, enfileirados no chão, têm códigos e
etiquetas com ideogramas.
Antes de o leiloeiro chegar, os
interessados bisbilhotam com
lanterna dentro da goela dos
peixes e verificam o tom da carne arrancando lascas com minúsculas picaretas. Quando o
leiloeiro chega e toca um sininho, faz-se silêncio. Aí, ele sobe
num caixote ao lado de cada
atum, iniciando a barganha
com os compradores, que travam uma disputa frenética.
Lamentavelmente, os atuns
diminuíram de tamanho -e,
hoje, correm o risco de extinção. Há dez anos, era comum
ver gigantes de mais de 120 kg,
mas agora os peixes têm, em geral, entre 30 kg e 60 kg.
Pescados em barcos ultra-equipados nos mais diversos
mares, os melhores atuns são
congelados imediatamente e
seguem de helicóptero e de
avião para Tóquio. Do arquipélago de Samoa Ocidental, do
Atlântico Norte, da Nova Zelândia e até dos mares gelados
de Aomori, ao norte do Japão,
chegam os maiores peixes.
Estima-se que 30% do 1,7 milhão de toneladas de atum consumido anualmente no mundo
seja degustado no Japão. Cru,
em sushis e sashimis ou cozido,
o atum ("maguro") é disputado
nos restaurantes toquiotas, onde 1 kg de "toro", a barriga gordurosa desse peixe, custa até
US$ 20 mil.
A chef japonesa Mari Hirata
narra a comercialização de um
raro atum "hon-maguro" (em
inglês chamado "bluefin tuna"), em 2004. Com 200 kg, o
tal peixe foi vendido em Tsukiji
por US$ 200 mil, o que hoje se
traduz em quase R$ 400 mil,
preço de um apartamento de
três quartos em São Paulo.
Se por azar você tiver apenas
um domingo livre em Tóquio
(www.jnto.go.jp), lembre-se
que nesse dia a metrópole de
23 milhões de habitantes é
mais tranqüila, com menos
gente na área metropolitana
central. E não desanime por
completo: aos domingos, o
mercado de Tsukiji não abre,
mas há uma profusão de locais
interessantes no seu entorno.
Entre a estação de metrô e o
mercado, é possível comer frutos do mar de qualidade em
banquinhas e restaurantes,
com destaque para o Sushizanmai (www.kiyomura.co.jp).
Ali, há sopinhas com caranguejos inteiros, sushis de mackrell (peixe de carne branca e
gordurosa) chamuscados com
maçarico e suculentas ovas de
salmão ("ikurá") e de arenque
("kazunoko"). Os sabores variam do delicado ao exótico -e
os arranjos dos pratos são de
arregalar os olhos!
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