São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2001

Próximo Texto | Índice

CARIBE COLONIAL

Capital da República Dominicana, Santo Domingo tem atrativos como o anoitecer no centro histórico amuralhado

Noite traz luz à antiga capital da América

SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL À
REPÚBLICA DOMINICANA


"Um espetáculo, que existiria talvez só nesse quadrilátero de quarteirões onde séculos antes um grupo de aventureiros vindos da Europa fundou a primeira cidade cristã do Novo Mundo, com o eufórico nome de Santo Domingo de Guzmán."
As palavras são do escritor peruano Mario Vargas Llosa, e o espetáculo a que se refere é a noite na cidade colonial de Santo Domingo, capital da República Dominicana. Entre as muralhas que formam o conjunto arquitetônico desse centro histórico, os habitantes presenciam o crepúsculo na rua, frente a suas casas que têm portas e janelas abertas por causa do calor. Crianças brincam com bastões e luvas de beisebol -o esporte preferido dos dominicanos-, os homens jogam dominó.
A capital dominicana tem cerca de 3 milhões de habitantes (todo o país tem 9 milhões) e o seu principal atrativo é justamente o centro histórico, cercado de muralhas, situado entre uma margem alta do rio Ozama e o mar do Caribe.
A cidade colonial levou cerca de dois anos para ser construída, entre 1496 e 1498, e logo se transformou no centro da colonização espanhola. Ali encontra-se o Alcázar de Colón, edifício que serviu por muitos anos como residência de Diego, filho de Cristóvão Colombo e administrador da ilha. Esta recebeu dos conquistadores o nome de Hispaniola.

Pioneira
Santo Domingo se orgulha de enumerar vários "primeiros lugares". Tem a primeira catedral das Américas, assim como a primeira universidade, o primeiro hospital, o primeiro monastério.
Muitos prédios passaram por restaurações recentes, após terem resistido ao tempo, aos furacões -que de quando em quando assustam a ilha- e até ao ataque do temido pirata inglês Francis Drake, que saqueou a cidade em 1586.
É recomendável explorar o centro histórico a pé, pois as ruas são estreitas e o trânsito anda muito devagar. Além disso, as distâncias são bastante curtas.
Entre os locais mais interessantes para se visitar estão dois antigos hospitais, hoje em ruínas e habitados por pombos. O San Nicolás de Bari, que foi construído em 1503, sofreu sérios abalos com a ação de um ciclone em 1930 e hoje está sendo recuperado, e o San Lázaro, que abrigava leprosos.

Memórias
Também as vias de ligação têm muita história. A Calle El Conde, hoje uma importante rua de comércio, foi construída no século 16 e liga a catedral até a antiga porta da cidade. O Callejón de los Curas, estreito, guarda o que um dia foram as primeiras habitações de religiosos da ilha.
Perto dali está o convento dos Dominicanos, a mais antiga edificação cristã da América, levantada em 1510, e que se transformou em universidade em 1538.
A fortaleza de Ozama é um dos lugares mais belos. À beira do rio, cercada de muralhas, oferece uma vista tanto da cidade como da entrada dos barcos no porto.
No Panteão Nacional estão os restos mortais dos líderes da independência dominicana. Outro memorial que merece ser visitado é o de Colombo -já fora do centro histórico-, onde estão os restos do conquistador. Cristóvão Colombo morreu em Valladolid, em 1506, e teria pedido para ser trazido para Hispaniola, o que só aconteceria décadas mais tarde.
Hoje estão no Faro de Colón, imensa construção em forma de cruz criada em 1992, à beira-mar, que também funciona como museu. Ali encontram-se mapas dos navegantes, detalhes do Tratado de Tordesilhas e outras raridades, como antigos códices maias e almanaques adivinhatórios.
Santo Domingo começou a perder importância na história da colonização americana ainda na primeira metade do século 16, quando ouro e prata foram descobertos no México e no Peru, desviando a atenção dos espanhóis.
Essa é uma das razões pelas quais o conjunto arquitetônico colonial da cidade não possui traços do estilo barroco, que medraria só mais tarde na América, com a descoberta de minas de metais.
À noite, os restaurantes localizados à frente da catedral e ao lado do Alcázar de Cólon ficam cheios de mochileiros e turistas. Contrastam com os balcões dos coloridos bares nas esquinas, frequentados pelos moradores. Nas prateleiras, garrafas de rum de diferentes origens e formatos. De todos eles, porém, a vista é a mesma: os prédios iluminados da antiga capital da América.


Sylvia Colombo viajou a convite do Barceló Hotels & Resorts



Próximo Texto: Pacotes - Preço por pessoa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.