São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2001

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ROTEIRO CAPIXABA

Centro de Vitória é bom começo para desvendar o ES, que foi proibido de se desenvolver nos anos coloniais

Estado "escondeu-se" por causa do ouro

LUÍS DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL AO ESPÍRITO SANTO

A história do Espírito Santo começou escondida. Com a descoberta do ouro no século 16 em Minas Gerais, o território onde hoje fica o Estado foi proibido de se desenvolver, para não criar rotas paralelas que deixassem o ouro escapar pelo mar e que pudessem facilitar ataques às minas. A preocupação está na famosa frase do Conselho Ultramarino: "Quanto mais caminhos houver, mais descaminhos haverá".
Assim, a Coroa portuguesa impôs uma série de medidas para preservar o Espírito Santo como barreira natural às minas.
Essas leis parecem vigorar até hoje -poderiam ser uma explicação para o relativo desconhecimento do lugar pelos próprios brasileiros e também pelos estrangeiros. Como desprezar suas belas praias, a comida única no tempero, a população bonita que misturou imigrantes ítalo-germânicos com negros e índios, uma música que condensa tradições, atraentes museus e uma arquitetura colonial ainda preservada?
Um bom passeio pode começar pelo conjunto arquitetônico do centro antigo de Vitória. Em 1550, Vasco Fernandez Coutinho transferiu a capital do Estado de Vila Velha para a ilha de Santo Antônio, atual Vitória, por ser mais fácil de se defender das incursões estrangeiras e dos índios.
A capital passa por um processo de recuperação por iniciativa dos órgãos públicos, que estão saindo da área central para ocupar modernos prédios próximos à ponte que liga Vitória a Vila Velha, conhecida como Terceira Ponte.
A catedral tem belíssimos vitrais e, à tarde, pássaros voam e cantam dentro da nave. É de lá que, depois da Semana Santa, sai a procissão noturna dos homens em direção ao convento da Penha, na vizinha Vila Velha.
Fundado em 1558, o convento fica a 154 m de altitude. Para chegar a ele pode-se subir de carro ou a pé -neste caso, por uma trilha íngreme marcada por um aroma vindo da mata que a cerca. No caminho, observa-se a privilegiada vista da baía de Vitória e da praia do Canto, em Vila Velha.
A paisagem inspirou o fotógrafo Sebastião Salgado, ainda menino, quando chegou de Aimorés (MG). Segundo ele próprio, Vitória é a sua segunda cidade.
A igreja do Rosário, uma das mais antigas do país, fica perto do pé dessa colina e foi o começo de toda a ocupação do Estado.



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