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"SCREAMIN" IN LONDON"
Roteiro é uma aula de história dos crimes do maior assassino de Londres e não um parque de terror
Caminhada ressuscita Jack, o Estripador
EM LONDRES
Esqueça o "bú". Quem for ao
passeio que percorre as ruas nas
quais Jack, o Estripador, matou e
estripou suas vítimas esperando
por gritos assustadores e muito
medo sairá decepcionado.
Isso porque trilhar os caminhos
em que um dos personagens mais
marcantes do período vitoriano
matou cinco prostitutas é uma
verdadeira aula de história e não
exatamente um show de horrores,
em que atores fantasiados saltam
na frente dos espectadores.
Logo no começo da caminhada,
que não dura mais do que duas
horas, a Londres de 1888 é relembrada, principalmente a da Revolução Industrial, fato fundamental para entender os aspectos culturais que envolvem o mito Jack,
que aterrorizou Whitechapel, em
East End, naquele ano.
São inúmeros os grupos londrinos que promovem o passeio de
Jack, afinal, o valor médio por
pessoa é de 5 libras -são cerca de
20 pessoas por passeio. Dessa maneira, cada um briga com a arma
que tem, seja vendendo a credibilidade de seus guias, seja ressaltando ser o único grupo a mostrar
fotos dos lugares visitados, originais da época, seja permitindo
que o turista não pague pelo passeio caso não goste.
Intitulada a original companhia
de passeios turísticos, a London
Walks foi criada por volta de 1960
e tem como chamariz o fato de
um dos guias, Donald Rumbelow,
ser reconhecido como uma autoridade no assunto. Grande historiador britânico de crimes, o guia
foi curador do Police Crime Museum, presidente da Crime Writer's Association (associação que
reúne autores de livros policiais) e
ainda autor do livro "Jack the Ripper: The Complete Casebook".
Contudo, por sua ilustre fama,
alguns grupos se passam por
guias do London Walks (www.walks.com).
Mas isso não quer dizer que somente a London Walks ofereça
satisfação garantida ou seu dinheiro de volta. Em alguns dos folhetos de propaganda dos passeios de Jack -distribuídos em
hotéis, agências de turismo e até
mesmo de mão em mão-, esse é
exatamente o apelo: caso o turista
não goste do passeio, não paga.
Já a companhia Jack the Ripper
Walk (www.jack-the-ripper-walk.co.uk) promete deixar o
passeio mais horripilante exibindo fotos originais da época
-além de fotos das vítimas. Dessa maneira, é possível observar as
mudanças arquitetônicas ocorridas desde então.
Quem quiser aliar história a um
clima bem mais assombroso, pleno de efeitos especiais de dar medo -com direito a fotos, bonecos
e animação e muito "bú"-, pode
procurar por "The London Dungeon", um museu de horrores que
não só simula os assassinatos cometidos por Jack mas também
outros igualmente assustadores.
Informações e reservas em
www.thedungeons.com.
Do inferno
Fazer o passeio de Jack, o Estripador e depois assistir (ou ler) ao
"Do Inferno" ou vice-versa é enriquecedor. O filme, além de contar
uma -das várias- teoria sobre
Jack, pode ser também visto como um retrato do modo de vida
de uma prostituta na época.
Na primeira metade do filme,
há uma cena em que as meretrizes
dormiam sentadas e amarradas.
Difícil de entender. Os guias que
fazem o passeio estão aptos a esclarecer essa dúvida. Havia duas
opções de estada para os menos
abastados: era possível dormir
deitado em uma cama ou então
sentado ou de pé, amarrado à parede, escolha menos confortável,
porém bem mais econômica.
(ANA PAULA DE OLIVEIRA)
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