São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

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Sírio de 87 anos chegou ao Brasil em 1947

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Vim ao Brasil por diferença de mentalidade". Foi essa a razão pela qual Bacel Farhate, 87, saiu de seu país de origem, a Síria, rumo ao outro lado do oceano em 1947.
"Na Síria, eles têm mentalidade atrasada, vivem no passado. Saí de lá, estudei direito e filosofia na França e voltei com a mentalidade um pouco mais aberta. Não deu para aguentar", conta.
Em território paulistano, chegou a cursar também cosmologia, física e astrofísica. "Sempre gostei de estudar. Eu me meti na política porque queria entortar o rabo do cachorro, mas, na verdade, não sei entortá-lo", brinca.
Bacel conta que foi fundador de um partido de oposição e, por isso, sofreu nas mãos das autoridades durante o regime militar brasileiro. "Saí da Síria para não ficar sob o chicote, mas, aqui, acabei também na política."
Aposentado, trabalha hoje com tradução no Centro Cultural Árabe-Sírio. Gosta de trabalhar lá? "Não tem outro lugar. Não trabalhar é pior ainda. A pior coisa para uma pessoa ativa é ficar parada. Cai em pedaços."
O único motivo para o árabe ser a língua oficial na casa dos Farhate é ensinar o idioma aos filhos. "Não por fanatismo. Português eles vão aprender, queiram ou não."
A refeição do dia a dia servida por sua mulher é a de qualquer família brasileira. Arroz, feijão, carne... "O evoluído se adapta. O atrasado fica tradicional."
E cita um provérbio. "No pôr do sol havia um animal ao longe. Um homem dizia ser uma águia, e outro, carneiro. Um terceiro jogou uma pedra. O bicho voou. O que dizia ser carneiro afirmou: "É carneiro mesmo se voar". Este é o tradicional." (RM)


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