São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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GOL NO ORIENTE

Rituais de nascimento e casamento são xintoístas, mas na hora da morte população apela para o budismo

Japoneses costumam ter duas religiões

DA ENVIADA ESPECIAL AO JAPÃO

Em centros urbanos ou em meio a florestas, santuários xintoístas ("jinja") e templos budistas ("otera") são parte essencial da vida no Japão. Se você perguntar a um japonês em qual dos dois ele faz suas preces, a resposta provavelmente será: "Em ambos".
O xintoísmo é a religião mais antiga do país. Acredita-se que todas as forças e os elementos da natureza, como árvores, rios, pedras e animais, são habitados por deuses, ou "kami".
Já o budismo foi introduzido no país no século 6º, mil anos depois de sua criação, e seus valores e moral agradaram a clãs poderosos, que foram responsáveis por sua propagação.
Hoje as duas religiões coexistem sem problemas. Nascimentos de crianças e casamentos são celebrados dentro do xintoísmo. Na hora da morte, rituais funerários ficam a cargo de monges budistas. Ainda hoje, na hora de começar a erguer um prédio, um sacerdote xintoísta é chamado para purificar o local da obra.
No Ano Novo, após o soar dos 108 toques do gongo, que simbolizam os 108 males enfrentados pelo homem segundo o budismo, centenas de pessoas vão aos santuários para fazer as primeiras preces do ano às divindades.

Santuários
Em geral, cada santuário é dedicado a um deus, que acaba sendo o protetor do bairro ou vila local.
É fácil identificar um "jinja", por causa do "torii", o nome do portal que marca o ponto onde começa a área sagrada. Jovens assistentes vestidas de vermelho e branco, chamadas "miko", são comumente vistas nos santuários.
Um belo santuário é o Itsukushima Jinja, erguido em 593, cujas construções em branco e vermelho se destacam no verde da ilha de Miyajima, perto de Hiroshima, na região oeste da ilha de Honshu, a principal do país. No caso desse "jinja", o "torii" foi fincado no mar. A ilha, coberta por florestas virgens, não tem maternidade nem cemitério, pois a princípio não é permitido a ninguém morrer ou nascer nela.

Templos
Já onde há um templo budista sempre há um pagode, nome dado às torres de três ou cinco andares que abrigam relíquias de Buda. O complexo de um templo inclui ainda um salão principal, construções menores e até um pequeno santuário xintoísta.
Peregrinações de civis pelos templos são frequentes e podem durar semanas. Em estações de trem ou nas ruas, o turista pode se deparar com algum monge solitário em peregrinação.
Cidades como Kyoto (com 1.200 anos de história, abriga 20% dos Tesouros Nacionais do Japão) e a vizinha Nara (fundada em 710, foi a primeira capital do país e o ponto mais oriental da antiga rota da Seda), no centro de Honshu, e Kamakura e Nikko (leia mais sobre as duas cidades na pág. F6), nos arredores de Tóquio, todas fortemente relacionadas ao poder de imperadores, nobres e xoguns, abrigam conjuntos famosos de templos e santuários.
O único porém das visitas a um "jinja" ou "otera" é que, se você quiser fazer uma oração, é preciso colocar moedas nas caixas colocadas em frente aos pavilhões. É uma doação quase compulsória para a manutenção desses locais.
Na entrada de ambos sempre há uma fonte de água corrente com conchas para a pessoa molhar as mãos e se purificar.
(CHIAKI KAREN TADA)


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