São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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TURISMO NA TV

Criador da Fenit em 1958 e do Anhembi em 1970, empreendedor volta seu olhar para a televisão a cabo

'Feiras geram um agito que é turístico'

DA REDAÇÃO

Leia abaixo continuação da entrevista de Alcântara Machado.
 

FEIRAS - "Até que o Anhembi nasceu, quase não existia zona Norte. Hoje, no entorno, existem hotéis, restaurantes e até lojas de suvenir. Mas, muito antes disso, quando comecei a fazer feiras, não existia nada semelhante no Brasil. Eu tinha um amigo americano que fazia eventos nos Estados Unidos, o Charles Snitow, [e aponta uma foto em meio a uma parede repleta de quadros com imagens de jacarés, que são a sua marca registrada".
Um dia, em 1957, lá em Nova York, ele me disse que ia me ensinar a fazer eventos, pois achava que o Brasil ia crescer muito nesse setor. Aquilo me marcou. Quando eu saí do escritório dele, meu destino era Bruxelas, mas o avião, da Swissair, fazia escala na Suíça.
E foi nessa viagem que tive a idéia de fazer a primeira Fenit, que estreou em 1958. Achei que uma feira da indústria têxtil, relacionada à moda, às mulheres, daria boa mídia. Fiz uma Fenit, fiz outra... e perdi dinheiro com a Fenit até a sétima edição! Mas já em 1959 organizei também a feira mecânica, tudo no parque Ibirapuera, em São Paulo.
Em 1960 lancei, além dessas duas, a UD [Feira de Utilidades Domésticas" e o Salão do Automóvel. Já eram os tempos de Juscelino Kubitschek. Logo lançamos também o Salão da Criança. Com ele, nos anos 60, se não me engano em 1964, consegui levar ao Ibirapuera um número recorde de público: 120 mil pessoas num único dia, aliás, no Dia do Professor."

PUBLICIDADE - "Desde menino, gostava muito de publicidade, lia revistas americanas como "Advertising Agency" e adorava ver como faziam as promoções. Assim, logo que pude, fiz uma campanha para uma rede de 35 lojas que tínhamos, a Assumpção, sobrenome da minha mãe, usando o slogan, "uma em cada bairro, para melhor servir você". Esses anúncios iam ao ar num programa que fazíamos na rádio Excelsior, cujo diretor era o Luís Ramos.
Tomei gosto pela coisa e, como tinha dois amigos donos de uma agência de publicidade no mesmo prédio onde funcionava meu escritório, na rua Vieira de Carvalho, resolvi ficar sócio deles.
Mas logo veio outro irmão deles, que morava nos Estados Unidos, e eu comecei a não gostar. No fim de dois anos, 95% das contas eram minhas -eles não trabalhavam muito. Aí resolvi seguir meu próprio caminho e a Alcântara Machado Publicidade surgiu em 1954, como uma das primeiras firmas 100% brasileiras a se ocupar de propaganda."

TV - "Nos primórdios da televisão, havia um programa de perguntas que era visto por todo mundo que tinha aparelho -e isso me interessava. Pouca gente tinha televisor e era comum falar de "televizinho", pois, quando o Assis Chateaubriand inaugurou a TV Tupi, ele trouxe algo como 300 aparelhos: deu cem de presente e vendeu 200.
Eu comprei uma televisão, e coloquei na loja, onde havia até um auditório, e foi o maior sucesso."

MARKETING - "No biênio 1968/ 69, quando assumi o IBC (Instituto Brasileiro do Café), a diretoria anterior não fazia muita questão de vender a produção. Assim, para mostrar que eu fazia questão de vender um saco ou 500 mil sacos de café, peguei um trenó e, no Alasca, fui levar pessoalmente um saco, com a marca Café do Brasil, para um armazém em Point Hope. Isso acabou virando foto na primeira página de quase todos os jornais -e certamente promoveu no mundo o nosso café- e são dessa época alguns dos recordes de venda no século." (SC)


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