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TOSTADO E APROVADO
Integrados à memória coletiva da cidade, lugares estão nos filmes e nos livros argentinos
Cheios de histórias, cafés aromatizam ares portenhos
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
Eles representam uma espécie
de patrimônio cultural da cidade.
Já foram cenário de filmes, em
suas mesas foram escritos livros
famosos, assinados acordos e, até
hoje, é ali, nos cafés de Buenos Aires, que se discute política.
"Os cafés fazem parte da vida
cotidiana e pertencem à memória
coletiva da cidade", diz a subsecretária de Patrimônio Cultural
de Buenos Aires, Silvia Fajre.
Tanto é assim que a Comissão
de Proteção e Promoção dos Cafés, Bares, Bilhares e Confeitarias
de Buenos Aires, com apoio da
Secretaria de Patrimônio, editou
um livro sobre eles: "Cafés de
Buenos Aires". Há cerca de 50 bares e cafés considerados notáveis
na capital argentina.
A qualquer hora do dia, a maioria está quase sempre lotada. Não
importa se é para um encontro
com um amigo ou para uma reunião de negócios. Qualquer compromisso é desculpa para um encontro em um café.
Não é à toa que a companhia de
cinema de José Juan Campanella,
diretor do filme "O Filho da Noiva", chama-se Cem Bares. "Colocamos esse nome porque os roteiros sempre começam a ser escritos nos bares ou nos cafés", conta.
Como se apossam de quase todas as esquinas, é preciso saber
quais são os mais antigos, que escondem os segredos da cidade.
Ao andar pelas ruas, é preciso
atentar para as portas dos cafés.
Os que levam o selo "Cafés Notables" são, no mínimo, muito
tradicionais e merecem uma visita, ainda que o selo não garanta
qualidade de atendimento.
O primeira registro sobre a
inauguração de um café em Buenos Aires data de 1801. O jornal
"Telégrafo Mercantil" anunciava:
"Amanhã, quarta, será aberta
uma casa de café na esquina em
frente ao colégio, com mesa de
bar, confeitaria e bebidas".
O Tortoni é o café portenho
mais conhecido pelos turistas (na
pág. F6). Fundado em 1858, a história do café afrancesado se confunde com a da cidade. Mas não é
o único. As ruas bonairenses estão repletas de elegantes cafés e
confeitarias que à noite se transformam em bares, muitos deles
quase tão antigos e tradicionais
quanto o Tortoni, à espera de
uma visita.
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