DA ASSOCIATED PRESS

Atrás de um banal muro de concreto, no fim de uma rua secundária no bairro operário de Tacubaya, Cidade do México, esconde-se um jóia da arquitetura.
O arquiteto Luis Barragan construiu sua casa ali em 1948. Sua intenção era fazer do local um tranqüilo refúgio em meio ao caos da capital mexicana, uma das maiores cidades do mundo. Hoje, 56 anos depois, mais de 10 mil turistas visitam o local, que, em julho, foi decretado pela Unesco patrimônio da humanidade.
"Ele é um arquiteto influente, talvez o mais importante do México. Construiu uma obra na qual sintetiza as antigas tradições mexicanas, a herança colonial e a arquitetura moderna", diz o também arquiteto Juan Palomar, autor de um livro sobre Barragan.
Nascido em Guadalajara em 1902, Barragan fez faculdade de engenharia e nunca estudou formalmente arquitetura. Autodidata, era um leitor voraz. Visitando sua casa, repara-se em alguns livros de arte e design que o influenciaram, particularmente do Oriente Médio e do Japão.
"A fachada da casa não tem cores, é muito simples", diz Catalina Corcuera, diretora da Fundação Casa de Luis Barragan. "Ele queria uma lugar cheio de surpresas para que quando alguém entrasse fosse tomado, pouco a pouco, por uma atmosfera de paz, tranqüilidade e harmonia."
Esse desejo tinha raízes na religião de Barragan. Católico fervoroso, sua admiração por lugares onde se pudesse meditar veio dos conventos e das igrejas.
A casa foi restaurada depois da morte de Barragan, em 1988, e teve suas portas abertas para o público em 1994. A fundação que cuida da casa gasta US$ 26 mil por ano para mantê-la. Os móveis e a decoração estão do mesmo jeito que o arquiteto costumava deixar.
"O reconhecimento da Unesco não vai apenas estimular a restauração das obras de Barragan, como também vai servir de ponto de partida para a preservação de toda a arquitetura moderna mexicana", diz Francisco Morales, funcionário do governo que cuida dos locais considerados patrimônio da humanidade no México.

Reconhecimento mundial
Barragan nunca fez nenhum trabalho fora do México. Ele se tornou conhecido mundialmente em 1976, após o Museu de Arte Moderna de Nova York ter feito uma retrospectiva de sua obra. Em 1980, ele ganhou o prêmio Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura. Desde então, vários arquitetos modernos, como Louis Kahn e Tadeo Ando, por exemplo, já citaram o estilo minimalista de Barragan como grande influência em seus trabalhos.

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