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POR DENTRO DA HISTÓRIA
Trilha de beato descortina sertão baiano
ACÁCIA RIOS
free-lance para a Folha
Para seguir os passos de Antônio
Conselheiro, saindo de Salvador,
em direção ao norte, a primeira cidade a ser conhecida é Aporá, a 100
km da capital baiana. No caminho,
você passa por Simões Filho e Pojuca, onde fica o entroncamento
para a rodovia BA-093.
Conselheiro esteve por lá quando ainda não possuía um séquito
grande e tencionava dar continuidade à construção do muro do cemitério. Ele chegou a iniciar a
construção, mas o padre local não
gostou da idéia. E o peregrino partiu, sem concluir a obra.
É atribuída a Conselheiro a igreja
do Sobrado em Aporá, mas, segundo documentação da cidade, a
igreja já existia quando ele chegou.
As opiniões dos estudiosos são divergentes. Pelo sim e pelo não, de
lá você pode continuar a trajetória.
Localizada na praça central, a
igreja de Bom Jesus é a principal da
cidade de Crisópolis. A sua construção foi realizada por Conselheiro entre 1875 e 1876, quando o beato fundou o arraial. A data distinta
da fachada se explica pelo fato de a
igreja só ter sido benzida em 1892,
pelo padre Agripino Borges.
Há uma historinha em torno da
igreja. Segundo Vicente Dobroruka, recente biógrafo de Conselheiro, a igreja foi construída dentro
da área da fazenda Dendê de Cima,
local onde, reza a lenda, teria ocorrido um crime famoso: uma mulher mandara assassinar o marido.
No decorrer desse tempo, a capela sofreu algumas modificações,
mas conservou a estrutura arquitetônica planejada por Antônio
Conselheiro.
A cidade seguinte é Mocambo,
que atualmente se chama Olindina, onde o peregrino permaneceu
por cerca de um ano.
Nessa localidade, ele prometeu
construir uma igreja, mas não chegou a fazê-lo. Ninguém sabe a razão. Essa promessa seria efetivada
no Arraial do Bom Jesus, depois
Vila Rica, e atualmente Crisópolis.
Apenas 14 km separam Olindina
da cidade vizinha, Itapicuru, onde
Conselheiro permaneceu por cerca de dois anos. Na cidade, ele restaurou uma parte da igreja Matriz
e levantou o muro do cemitério.
Durante esse tempo, Conselheiro
já havia conseguido reunir um séquito grande. O beato foi preso em
Itapicuru.
Essa cidade mantém viva a memória de Conselheiro. Ele restaurou a igreja Matriz, construiu o
muro do cemitério, foi preso e
muitos itapicurenses o acompanharam. Por conta disso, intrigas
políticas surgiram entre os líderes.
O poder religioso aprovava sua
presença, mas o político, não.
A acusação contra o beato foi a
de ter matado sua mulher e a própria mãe. Por isso, errava pelos
sertões, para se eximir da culpa.
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