São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 2000

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AZUL CONSTANTE
Penteados psicodélicos com cabelo postiço custam de US$ 60 a US$ 80 no país de maioria negra
População costuma fazer esculturas de gel no cabelo

DA ENVIADA ESPECIAL ÀS BAHAMAS

As Bahamas são um país de negros. Ou dos negros. Com uma população formada por 85% de descendentes de escravos, esse povo recepciona os turistas ao som dos ritmos locais em seu colorido e caótico aeroporto (apesar da festa na hora da entrada, malas com rodinhas são essenciais, já que será preciso carregar sua bagagem por um longo trecho, sem a ajuda dos carrinhos). Na hora do chek in de embarque para sair do país, o caos aumenta, e o tratamento já não é dos melhores.
Provavelmente porque o país é tão próximo dos EUA (40 minutos de vôo), a impressão que se tem é a de que toda a população faz suas compras lá. A colonização é inglesa, mas a influência norte-americana é notória. Vide os penteados nas cabeças das mulheres, verdadeiras esculturas multicoloridas, fixadas com gel. Observe também o excesso de peso em grande parte da população, marca registrada dos ianques.
Ainda assim, as pessoas são muito vaidosas e as mulheres das Bahamas gastam, mensalmente, uma enorme quantidade de dinheiro cuidando dos cabelos e das unhas, que costumam manter exageradamente grandes.
Um penteado psicodélico, geralmente feito, em parte, com cabelo postiço, mas não necessariamente falso (o que aumenta ainda mais o preço), pode variar de US$ 60 a US$ 80.
Não se pode negar que se trata de um povo simpático, mas muitas vezes entediado (ou deveríamos chamá-los saturados?) com o fato de ter que servir diariamente aos turistas. Às vezes a má vontade é explícita, mas quando eles se vêem diante do som emitido pelas palavras pronunciadas em um bom português, curiosos, perguntam: "De onde você é?"
Não fique espantado com a falta de crença deles com relação à sua resposta. Em quase 100% dos casos, as perguntas seguintes serão: "Onde fica o Brasil?" e "Que língua vocês falam lá?".
Pouco se sabe nas Bahamas a respeito da cultura brasileira, mas, se quiser continuar com o teste de conhecimentos, apele, falando do nosso Carnaval.
Muitas vezes funciona, eliminando de suas faces aquele imenso ponto de interrogação.
(CAROLINA FREDERICO)


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