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PATRIMÔNIO PAULISTA
Escada com degraus de água e bosque com árvores frutíferas eram preferências da condessa do Pinhal
Turista trilha por caminho de condes
DA ENVIADA ESPECIAL A SÃO CARLOS (SP)
Um dia na Fazenda Pinhal inevitavelmente respingará um pouco dos ares do século 19 e de uma
rotina vivida por um casal com título de conde e condessa do Pinhal, Antonio Carlos de Arruda
Botelho e Anna Carolina, que se
casaram em 1863.
Dois locais na propriedade
transportam o turista com mais
afinco ao passado. A casa-sede e o
bosque da fazenda.
Comece pela manhã, bem cedo,
fazendo uma caminhada pelo
bosque. Quem só conhece gotas
de orvalho por leituras de poesias
sentirá o efeito da gota caindo do
alto de alguma árvore. No percurso, há bambuzais, figueiras, abacateiros e goiabeiras, sem falar
numa deliciosa alameda só de jabuticabeiras, que distrai o visitante. Embora não seja tempo de jabuticaba, as árvores estão carregadas da fruta. Quem passeia pela
trilha pode se esbaldar com jabuticabas geladas logo cedo.
O bosque e o jardim da fazenda
são fruto de um esforço pessoal da
condessa, que tinha um especial
apreço por flores. Após contrair
núpcias com Antonio Carlos, Anna Carolina mandou trazer mudas e sementes de Rio Claro para
dar vida aos arredores da casa.
Também vieram plantas do Jardim Botânico, do Rio de Janeiro.
Além do bosque, há também
palmeiras imperiais engrandecendo a fachada da fazenda.
À noite ou após um rápida chuva, sente-se o perfume de damas-da-noite e de jasmim.
As plantas de fora também
adentram a casa. Flores frescas ornam o salão de refeições, onde era
a antiga senzala, e vários outros
cantos da Pinhal. Parece ser ainda
uma homenagem à condessa que
morreu em 1945, após passar quase toda a vida ali. A qualquer hora
do dia, há um passeio irresistível.
Subir e descer uma escada de água
corrente de quase cem degraus.
A escada foi construída para a
condessa após uma viagem do casal à estância hidromineral de Baden-Baden, na Alemanha, em
1892. Conta-se que a escada era
para repetir um tratamento para
reumatismo.
Os visitantes que quiserem seguir à risca o método da condessa
devem tirar o calçado e subir os
degraus. Na volta, a descida, ainda
com os pés descalços, é feita sobre
por um tapete de musgos ladeando a escada.
Museu
A casa-grande conserva móveis
de palha entrelaçada, namoradeiras e quadros da família feitos por
artistas brasileiros do Império. Na
sala de visitas há dois quadros a
óleo da condessa e do conde pintados pelo acadêmico Almeida
Júnior (1850-1899), ituano mais
conhecido pela obra "Caipira Picando Fumo", que estudou em
Paris depois de receber uma bolsa
de estudos de d. Pedro 2º.
Em outra sala há um quadro da
fazenda pintado por Benedito Calixto (1853-1927) e uma bandeira
do Império que não nos deixa esquecer a importância do café na
economia, principalmente naquela época.
A sala de jantar guarda uma coleção especial. No armário envidraçado há louças de Limoges
com o monograma do conde do
Pinhal em cada peça.
Na cozinha, há também utensílios que podem ser estranhos a
olhos modernos, como o funil
usado para fazer fios de ovos.
Para os que quiserem se hospedar no próprio casarão, há dois
dos 14 quartos do hotel-fazenda
que são chamados históricos: o
aposento que era da condessa e o
de tia Elisa. O quarto de tia Elisa se
diferencia dos outros por ter uma
varanda com vista para um jardim francês.
(MARGARETE MAGALHÃES)
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