São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2001

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PAZ NOS BÁLCÃS

Preços do país devem subir quando suas belezas forem descobertas novamente

Croácia é barata por pouco tempo

Marcelo Starobinas
Vista de Dubrovnik, cidade da costa da Dalmácia que foi reduzida a escombros durante três meses de bombardeios em 1991 e agora volta ao cenário turístico


MARCELO STAROBINAS
ENVIADO ESPECIAL À CROÁCIA

As pessoas costumam imaginar que passar as férias na Croácia é uma grande loucura. Dez anos após o início do traumático desmembramento da antiga Iugoslávia, a região dos Bálcãs continua a ser vista como sinônimo de guerra, atrocidades e limpeza étnica.
Segundo o senso comum, só mesmo um louco, movido por algum mórbido voyeurismo, um sádico prazer pela miséria humana, escolheria esse barril de pólvora no sudeste europeu como destino para uma viagem de lazer.
Embora não esteja ainda livre de ameaças de instabilidade provocadas por conflitos nas vizinhanças, como os que continuam a assombrar Kosovo, Bósnia e agora a Macedônia, a Croácia vive uma realidade bem diferente.
Sentado ao ar livre na mesa de um café do centro velho da capital, Zagreb, cercado por mulheres estonteantes que dirigem carros BMW e ostentam as grifes do eixo Paris-Milão-Nova York, o visitante tem dificuldade em conceber que naquela mesma esquina, há poucos anos apenas, civis caiam mortos vítimas de bombardeios.
Estigmatizado pela má reputação internacional dos Bálcãs, o país tenta agora desassociar a sua imagem da do restante da região e quer atrair turistas do mundo inteiro, principalmente viajantes da Europa Ocidental.
Para conseguir fazê-lo -e o tem feito com considerável sucesso, principalmente no verão-, conta com grande diversidade de atrativos naturais e históricos, das regiões de picos nevados e castelos medievais de suas fronteiras com o finado Império Austro-Húngaro às mais de mil ilhas ensolaradas do mar Adriático.
Na baixa estação (parte do ano que não compreende o período de 15 de junho a 15 de setembro), a região costeira do sul da Croácia, cujo ponto alto é a cidade de Dubrovnik, a "pérola do Adriático", torna-se um sonhado e desértico paraíso.
Suas ilhotas e seus pequenos vilarejos têm ruas estreitas e construções antigas tão charmosas quanto as de localidades italianas de estilo semelhante. A beleza natural é equiparável aos pontos mais cultuados das ilhas gregas.
Nessa comparação com os dois famosos vizinhos, porém, há pelo menos duas vantagens em favor da Croácia: as multidões de turistas ainda não invadiram o local e os preços, por consequência, são mais baixos.
Se depender dos esforços do governo croata, o país não permanecerá muito tempo como um refúgio para viajantes que preferem destinos alternativos. A receita proveniente do turismo é vista como parte estratégica dos planos para uma recuperação econômica que levaria o país à tão sonhada adesão à União Européia (UE).
Mas o ingresso no bloco europeu ainda parece distante: já existem negociações diplomáticas em curso, mas, na lista de países candidatos a entrar na UE, a Croácia figura entre os últimos.
Membro ou não da Europa dos ricos, o país merece ser visitado. E quanto antes, melhor. Como afirma o guia "Lonely Planet" na capa de sua edição sobre a Croácia: "vá, antes que as multidões voltem".



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