São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRADIÇÃO

Celebração começa dia 25 na cidade paulista, que acaba de inaugurar novas pousadas para acolher turistas

Festa do Divino leva o povo às ruas de S. Luiz do Paraitinga

SEBASTIÃO NASCIMENTO
EM SÃO LUIZ DO PARAITINGA

A Festa do Divino Espírito Santo, a que mais conserva o caráter popular e religioso no Vale do Paraíba, interior paulista, começa dia 25 deste mês na cidade de São Luiz do Paraitinga e termina no dia 3 de junho.
Este ano, a cidade livrou-se de um inconveniente que afastava o turista: a penúria de acomodação. Além do hotel que já existia, inaugurou ao menos duas pousadas confortáveis e situadas em regiões montanhosas e muito belas.
A Festa do Divino é promovida há 150 anos e mistura o caráter religioso com os folguedos e as manifestações folclóricas das ruas.
Se, andando por calçadas emolduradas por casarões centenários, você se deparar com bonecos de pano gigantes em desabalada carreira ou com negros e brancos em trajes medievais numa espécie de bailado sobre cavalos e não entender nada, não se preocupe: é só perguntar ao povo acolhedor o que está acontecendo.
Ele explica o que é o moçambique, o jongo e a congada, danças trazidas por escravos africanos que vieram trabalhar nas lavouras de café do Vale do Paraíba.
Se um aroma provocador de carne bem temperada entrar pelas suas narinas, pegue um prato e um garfo. Tem comida de graça. Só não se espante com os gigantescos tachos em que é feito o afogado, um prato à base de carne de boi e de batatas cozidas. Todo ano pelo menos 50 vacas são mortas para o repasto.
No quesito beleza, é imbatível o chamado Império do Divino, montado em uma casa de uma rua central, que acolhe a pomba que representa o Espírito Santo. É todo feito em papel reluzente e vermelho como sangue.
Ah, sim, se você gosta de música sertaneja estilo Daniel ou Leonardo, não vá. Lá não tem. Mas há um coreto e uma banda, a São Luiz de Tolosa. À noite, durante a festa, o povo se reúne sob as estrelas e sob suas marchinhas e valsas.
Se o turista é dorminhoco, ele perde, pela manhã, a neblina que envolve os morros e o rio que abraça a cidade. Só não pode perder o crepúsculo, quando, da praça Osvaldo Cruz, ele avista o sol pálido banhar o Alto do Cruzeiro. É o ""sol das almas", ou seja, naquele horário as almas descem e são aquecidas por ele.



Texto Anterior: Paris: Crillon inaugura instituto de beleza com shiatsu
Próximo Texto: Pacotes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.