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TRADIÇÃO
Celebração começa dia 25 na cidade paulista, que acaba de inaugurar novas pousadas para acolher turistas
Festa do Divino leva o povo às ruas de S. Luiz do Paraitinga
SEBASTIÃO NASCIMENTO
EM SÃO LUIZ DO PARAITINGA
A Festa do Divino Espírito Santo, a que mais conserva o caráter
popular e religioso no Vale do Paraíba, interior paulista, começa
dia 25 deste mês na cidade de São
Luiz do Paraitinga e termina no
dia 3 de junho.
Este ano, a cidade livrou-se de
um inconveniente que afastava o
turista: a penúria de acomodação.
Além do hotel que já existia, inaugurou ao menos duas pousadas
confortáveis e situadas em regiões
montanhosas e muito belas.
A Festa do Divino é promovida
há 150 anos e mistura o caráter religioso com os folguedos e as manifestações folclóricas das ruas.
Se, andando por calçadas emolduradas por casarões centenários,
você se deparar com bonecos de
pano gigantes em desabalada carreira ou com negros e brancos em
trajes medievais numa espécie de
bailado sobre cavalos e não entender nada, não se preocupe: é só
perguntar ao povo acolhedor o
que está acontecendo.
Ele explica o que é o moçambique, o jongo e a congada, danças
trazidas por escravos africanos
que vieram trabalhar nas lavouras
de café do Vale do Paraíba.
Se um aroma provocador de
carne bem temperada entrar pelas suas narinas, pegue um prato e
um garfo. Tem comida de graça.
Só não se espante com os gigantescos tachos em que é feito o afogado, um prato à base de carne de
boi e de batatas cozidas. Todo ano
pelo menos 50 vacas são mortas
para o repasto.
No quesito beleza, é imbatível o
chamado Império do Divino,
montado em uma casa de uma
rua central, que acolhe a pomba
que representa o Espírito Santo. É
todo feito em papel reluzente e
vermelho como sangue.
Ah, sim, se você gosta de música
sertaneja estilo Daniel ou Leonardo, não vá. Lá não tem. Mas há
um coreto e uma banda, a São
Luiz de Tolosa. À noite, durante a
festa, o povo se reúne sob as estrelas e sob suas marchinhas e valsas.
Se o turista é dorminhoco, ele
perde, pela manhã, a neblina que
envolve os morros e o rio que
abraça a cidade. Só não pode perder o crepúsculo, quando, da praça Osvaldo Cruz, ele avista o sol
pálido banhar o Alto do Cruzeiro.
É o ""sol das almas", ou seja, naquele horário as almas descem e
são aquecidas por ele.
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