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Gore reaparece ao público
DO ENVIADO ESPECIAL
"Eu sou Al Gore; eu costumava
ser o futuro presidente dos EUA."
O primeiro discurso público do
ex-vice-presidente norte-americano desde que perdeu as eleições
aconteceu quarta passada em Orlando, na Flórida, a poucas quadras do local onde os votos que
deram a eleição ao republicano
George W. Bush foram contados e
recontados.
Gore falou para cerca de 6.000
operadores, agentes de viagens e
jornalistas durante o 33º Pow
Wow. Procurou dar um tom de
bom humor ao seu discurso, falou
do "sonho americano", disse que
realmente gostava do cargo de vice-presidente e que tinha orgulho
de ter lutado na Guerra do Vietnã,
mas não conseguia esconder um
certo ar de ressentimento.
"As pessoas aprendem mais
com a experiência vivida nos tempos difíceis do que nos fáceis",
disse, a certa altura.
Embora o encontro tivesse o turismo como tema, Al Gore pouco
falou do assunto. Refugiou-se em
reminiscências da infância, vivida
no Tennessee, elogiou o pai, já
morto, que era contra a Guerra do
Vietnã num tempo em que poucos se opunham à participação de
tropas dos EUA no conflito.
Disse ainda que está casado há
31 anos, que tem duas filhas, um
filho e um neto e que se arrependia de não ter beijado sua mulher
por mais tempo diante das câmeras -insinuando, talvez, que
George W. Bush tenha usado a
imagem de bem casado com mais
propriedade do que ele próprio
durante a campanha.
E, para terminar, contou uma
historinha sobre a antiga Tcheco-Eslováquia, que, segundo ele,
confronta o "sonho americano"
ao fim do comunismo:
Um dia, com o fim do Muro de
Berlim, foi procurado por um cidadão americano nascido na
atual República Tcheca que lhe
pediu ajuda para voltar à sua cidade natal. Lá ele viu, depois da retirada dos tanques soviéticos, que a
população agitava pequenas bandeiras dos EUA, como símbolo da
libertação do país. Mas elas não
eram novas, pois tinham apenas
48 estrelas (hoje têm 50).
Moral da história: a população
havia guardado as bandeiras que
ganhara décadas antes dos soldados norte-americanos, ao fim da
Segunda Guerra Mundial.
(SC)
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