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BOLA DA VEZ
Vestígios dos povos aratu e tupi-guarani encontrados na área do golfe devem compor museu arqueológico
Terreno escondia culturas indígenas
DO ENVIADO ESPECIAL A TRANCOSO
Muito antes da chegada dos
golfistas, da retomada hippie de
Trancoso e de os portugueses
apontarem as suas naus para o
Brasil, dominavam a região onde
se localiza hoje o Terravista povos
indígenas. Vestígios da antiga
ocupação de dois grupos -o aratu e o tupi-guarani- foram encontrados na área na qual ora se
instala o condomínio chique.
Iniciada em 2001, a pesquisa arqueológica atrasou o andamento
das obras. Cerca de 100 mil peças,
muitas delas fragmentadas, pequenos cacos, foram desenterradas na prospecção. Trouxe mais
resultados a procura no solo do
campo de golfe. Nada se achou
onde está assentado o Club Med.
Por enquanto, três das peças em
melhor estado de conservação estão expostas no "showroom" do
condomínio. Consistem em uma
grande urna funerária aratu, na
qual foi encontrada uma arcada
dentária completa, e dois cestos
de cerâmica tupi-guarani.
"O grande objetivo da pesquisa
é descobrir como esses agrupamentos estavam instalados e as
suas características. E também
realizar o salvamento desses sítios", diz o arqueólogo Luiz Viva,
responsável pelas investigações.
Os aratus não chegaram a estabelecer contato com os europeus
que aportaram em 1500 na região,
a dita Costa do Descobrimento.
Viveram no local provavelmente
entre os séculos 10º e 14. Espalharam-se por Mato Grosso, por Minas Gerais, por Goiás, pelo interior de São Paulo, pelo litoral do
Espírito Santo e por outros pontos do Nordeste.
Pero Vaz de Caminha
O mesmo - a inexistência do
encontro entre nativo e navegante- não se pode dizer dos tupis-guaranis. Foram eles os índios
que Pedro Álvares Cabral deparou quando pisou no Brasil. Eles
dominavam toda a costa do país.
Focos de sua presença polvilhavam a Bahia. O sul do Estado,
aliás, ainda hospeda remanescentes das antigas tribos.
Eram elas as "donas" das falésias que hoje encantam os turistas. Em sua carta ao rei -a primeira obra de nossa literatura e
provavelmente o nosso primeiro
prospecto turístico -, Pero Vaz
de Caminha cita as rochas. São essas as suas impressões: "Traz ao
longo do mar em algumas partes
grandes barreiras, umas vermelhas e outras brancas; e a terra de
cima toda chã e muito cheia de
grandes arvoredos. De ponta a
ponta é toda praia... muito chã e
muito formosa".
A maior parte dos fragmentos
retirados do chão do Terravista
ainda se encontra em análise em
Porto Seguro. Constituem eles
propriedade da União -o Terravista detém a guarda do material.
A intenção é criar um pequeno
museu na chamada "aldeia", um
centro comercial que comportará
restaurantes, bares, pizzarias, galerias, joalherias, uma farmácia,
uma livraria... O projeto deve ficar
pronto no final de 2005.
(PEDRO IVO DUBRA)
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