São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006

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Veneza procura solução para estancar êxodo de moradores

Em 40 anos, população caiu quase pela metade; são, hoje, 62 mil habitantes

DA REUTERS

Veneza pode ainda não estar afundando, mas certamente está esvaziando -descontados os 18 milhões de turistas que vão à cidade a cada ano.
O número de residentes no centro histórico de Veneza se aproxima hoje da metade do que era há 40 anos -de 121 mil habitantes na época da enchente de 1966 passou para 62 mil agora, segundo autoridades.
Se seguir nessa taxa, Veneza pode se tornar uma espécie de Disneylândia -cheia de turistas, mas deserta de habitantes- em quatro décadas.
"O risco é que Veneza se transforme em uma cidade-museu, um mero destino turístico, o que fará que ela perca seu charme, até mesmo para os turistas", diz Mara Rumiz, secretária de habitação da cidade.
Desde 1992, a população registrada no centro de Veneza diminuiu em 900 residentes por ano. Mas, em 2005, 1.918 pessoas deixaram a região.
Estima-se que ao menos 8.000 pessoas deixem Veneza até 2014, a não ser que seja encontrado um jeito de manter os venezianos em suas casas.
Em 1966, uma grande enchente causou o desmoronamento de cerca de 16 mil casas, que foram abandonadas.
Desde então, o aumento do nível das águas e do turismo de massa -cerca de 500 mil pessoas visitam a cidade por dia- tornou a vida em Veneza cada vez mais difícil e cara.

Sem alma
"Está ficando muito caro, é por isso que as pessoas estão partindo", diz Paolo, dono de um bar, para quem a cidade já "perdeu a sua alma".
De padarias a carpintarias, os negócios familiares estão fechando para serem rapidamente substituídos por bancas de suvenires, lojas de grifes caras, restaurantes fast food e hotéis.
Redes hoteleiras estão comprando qualquer espaço. E ricos estrangeiros puxam para cima os preços de imóveis. O metro quadrado de um apartamento chega a custar 8 mil.
O êxodo alterou a estrutura demográfica da cidade. Os jovens foram embora, e, hoje, mais de um terço da população tem mais de 60 anos. Há um plano de renovar casas abandonadas e construir novos prédios para alugar imóveis a preços controlados.
Ultimamente, Veneza procura uma estratégia para ganhar dinheiro em cima de seus visitantes. "Nós não podemos cobrar tíquete de entrada, pois Veneza não é um parque temático Mas temos que achar um sistema para melhorar nossas finanças e pagar a conservação da cidade", diz Rumiz.


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