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Veneza procura solução para estancar êxodo de moradores
Em 40 anos, população caiu quase pela metade; são, hoje, 62 mil habitantes
DA REUTERS
Veneza pode ainda não estar
afundando, mas certamente está esvaziando -descontados os
18 milhões de turistas que vão à
cidade a cada ano.
O número de residentes no
centro histórico de Veneza se
aproxima hoje da metade do
que era há 40 anos -de 121 mil
habitantes na época da enchente de 1966 passou para 62 mil
agora, segundo autoridades.
Se seguir nessa taxa, Veneza
pode se tornar uma espécie de
Disneylândia -cheia de turistas, mas deserta de habitantes- em quatro décadas.
"O risco é que Veneza se
transforme em uma cidade-museu, um mero destino turístico, o que fará que ela perca
seu charme, até mesmo para os
turistas", diz Mara Rumiz, secretária de habitação da cidade.
Desde 1992, a população registrada no centro de Veneza
diminuiu em 900 residentes
por ano. Mas, em 2005, 1.918
pessoas deixaram a região.
Estima-se que ao menos
8.000 pessoas deixem Veneza
até 2014, a não ser que seja encontrado um jeito de manter os
venezianos em suas casas.
Em 1966, uma grande enchente causou o desmoronamento de cerca de 16 mil casas,
que foram abandonadas.
Desde então, o aumento do
nível das águas e do turismo de
massa -cerca de 500 mil pessoas visitam a cidade por dia-
tornou a vida em Veneza cada
vez mais difícil e cara.
Sem alma
"Está ficando muito caro, é
por isso que as pessoas estão
partindo", diz Paolo, dono de
um bar, para quem a cidade já
"perdeu a sua alma".
De padarias a carpintarias, os
negócios familiares estão fechando para serem rapidamente substituídos por bancas de
suvenires, lojas de grifes caras,
restaurantes fast food e hotéis.
Redes hoteleiras estão comprando qualquer espaço. E ricos estrangeiros puxam para cima os preços de imóveis. O metro quadrado de um apartamento chega a custar 8 mil.
O êxodo alterou a estrutura
demográfica da cidade. Os jovens foram embora, e, hoje,
mais de um terço da população
tem mais de 60 anos. Há um
plano de renovar casas abandonadas e construir novos prédios para alugar imóveis a preços controlados.
Ultimamente, Veneza procura uma estratégia para ganhar
dinheiro em cima de seus visitantes. "Nós não podemos cobrar tíquete de entrada, pois
Veneza não é um parque temático Mas temos que achar um
sistema para melhorar nossas
finanças e pagar a conservação
da cidade", diz Rumiz.
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