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VALE ENCANTADO
Chamerolles fica temático e explica ao visitante por que o francês não toma banho
Castelo faz passeio por perfumes
do enviado especial ao Vale do Loire
O Château de Chamerolles foi
um dos primeiros castelos do Vale
do Loire a sentir o odor dos novos
tempos. Situado em região de
grande produção de perfumes, o
castelo foi um dos primeiros que
percebeu no ar que história não era
o suficiente para atrair hordas turísticas.
E história, no sentido turístico,
nunca foi o forte de Chamerolles.
Nenhum rei usou suas dependências, nenhuma rainha viveu em
seus aposentos, nem mesmo alguma amante real passou por sua
ponte levadiça.
Assim, Chamerolles foi um dos
primeiros a apostar na "disneyficação" cultural e virar uma espécie
de castelo temático.
²
Parque dos perfumes
Em 1992, o castelo abre depois de
longa reforma e logo se projeta como o "Château Promenade des
Parfums". No "Castelo do Passeio
dos Perfumes", o turista não vai
escutar nada sobre Henrique 2º ou
Francisco 1º. Ele só vai aprender
sobre como os europeus se relacionavam com os cheiros a partir do
século 15, o que não é pouco.
A primeira sala do passeio dos
perfumes, por exemplo, mostra
que no século 15 as atividades de
cama, mesa e banho, todas elas,
eram realizadas no mesmo quarto.
O século seguinte marca a decadência da arte de se banhar. Em
tempos puritanos de contra-reforma, a igreja decide combater os banhos públicos, que passam a ser
considerados imorais.
Cem anos adiante, a medicina divulga que na água quente os poros
se dilatariam e permitiriam a entrada de micróbios.
Os franceses passam a colocar
perfumes em pequenas toalhinhas
para se limpar "a seco". Nasce assim o termo "toilette" (toalha pequena, em francês).
O tour continua, e a guia fala sobre o surgimento do banheiro, sobre a construção das primeiras indústrias de perfume, sobre o surgimento das primeiras essências para homens...
O passeio termina de maneira a
ficar claro que, para o castelo de
Chamerolles, não falta faro para os
negócios. Antes de chegar à saída,
o visitante, e são 65 mil deles por
ano, tem de passar por uma loja
que vende quase 200 tipos de perfume.
(CASSIANO ELEK MACHADO)
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