São Paulo, segunda, 14 de setembro de 1998

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VALE ENCANTADO
Anet explora a história de madame de Poitiers, concubina de Henrique 2º que adorava simbologias
Amantes dos reis eternizam suas marcas

Fachada do palácio de Maintenon, onde morou Françoise d'Aubigné, amante e última esposa de Luís 14 do enviado especial ao Vale do Loire

Enquanto Bill Clinton enfrenta problemas com a opinião pública americana por causa de suas Monicas, Paulas e Gennifers, a região do Loire celebra a virilidade extraconjugal de seus reis com visitas guiadas aos lugares em que moravam amantes dos monarcas.
Uma das mais célebres "favoritas" (como são chamadas as "concubinas" reais) a pisar nas terras banhadas pelo rio Loire foi Diane de Poitiers (1499-1566).
É em torno dela, a mais famosa amante do rei Henrique 2º, que gira até hoje a vida de Anet (a 106 km de Paris).
Todos os anos, os 3.000 habitantes da cidadezinha assistem a chegada de 30 mil turistas que vêm inspecionar o castelo em que Diana viveu nos últimos sete anos de sua vida.
Os visitantes são "recepcionados" por uma fachada pouco convencional. De costas para a entrada, sobre a porta principal do castelo, fica uma escultura grandiosa de um veado cercado por quatro cães perdigueiros.
Diane adorava simbologias, e os animais representam sua xará mais célebre, a deusa greco-romana da caça, tema central das decorações do "château".
Em meio a muitos cães de caça, arcos-e-flechas, berrantes e veadinhos variados, Diane também providenciou que fossem entalhadas diversas vezes pelo castelo a letra inicial de seu nome.
De personalidade forte, a "preferida" do monarca gostava de tornar perigosas as suas relações e deixava sua marca em todos os lugares por onde passava.
Quem não apreciava essas demarcações era Catarina de Médici, mulher "titular" de Henrique 2º.
Quando o rei morre, em 1559, Catarina expulsa Diane do monumental castelo de Chenonceau (também na região do Loire), onde a "favorita" vivia desde que atingira esse patamar (sua alteza tinha 12 anos quando começou a namorar a já viúva madame Poitiers).
Foi só então que Diane vai para Anet. O luxo não chegava perto do castelo em que morava antes, mas lá a dona do título de duquesa de Valentinois pôde imprimir todas as suas marcas.
Diane morreu em 1566 e foi enterrada em uma capela em preto-e-branco, suas cores preferidas, no fundo do castelo.
Em frente ao túmulo, fica uma escultura de Diane, a deusa, encostada no dorso de um cervo.
O caixão da "favorita" foi profanado durante a Revolução Francesa, e não se sabe onde foram parar os seus restos mortais, mas a estátua da divindade greco-romana foi considerada tão bonita que hoje existe apenas uma cópia em Anet. A original foi recentemente levada para o museu do Louvre, em Paris.
Depois de séculos, o símbolo de Diane de Poitiers volta para um dos salões mais nobres da França.



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