São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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SOLO CHILENO

Estrada atravessa a região e passa por parque que tem tapete de musgo amarelo

Geleiras e bosques cortam Patagônia

Heloísa Helena Lupinacci/Folha Imagem
Vista de mirante na Carretera Austral, que corta a Patagônia chilena; no vale, a cidade de Coihaique; ao fundo, os Andes nevados


HELOISA HELENA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL AO CHILE

Imagine um vale, cortado por rios, repleto de bosques e com montanhas de picos nevados em volta. O cenário é esse enquanto se viaja pela Carretera Austral, estrada que corta a Patagônia chilena do começo até quase o fim.
Para chegar ali, um dos caminhos é pegar um avião de Santiago a Balmaceda. Com menos de dez ruas, Balmaceda tem campos cobertos de grama amarelada, mesmo no começo da primavera, e ovelhas. Na fronteira com a Argentina, a cidade tem construções charmosas, feitas de tijolos vermelhos, como a igrejinha com sino sem torre, suspenso por uma peculiar estrutura metálica.
A Carretera Austral, que começa em Puerto Montt, bem ao norte da região, e vai até Puerto Yungay, ao sul, próximo à fronteira da 11ª com a 12ª (e última) região do Chile, passa por Balmaceda, e de lá se pode seguir para o norte ou para o sul e explorar a Patagônia.
A capital da região é Coihaique, a norte de Balmaceda. A arquitetura da cidade é alemã, devido à colonização. Coihaique é passagem para quem vai à região dos lagos ou às geleiras. Por isso o que mais há nas ruas são lojas de artigos para fotografia, roupas para o frio e postos para se fazer chamadas telefônicas. Há uma feira de artesanato em que o visitante pode comprar artigos feitos de couro, lã, madeira e outros materiais.
Mais ao norte, está Puerto Chacabuco, uma cidade portuária de onde saem barcos para a laguna San Rafael, a estrela dos passeios da região (leia texto nesta página).
Continuando pela Carretera, o visitante chegará ao parque nacional de Queulat, que proporciona alguns bons momentos em seus 154.093 hectares. A grande atração do parque é o Ventisquero Colgante, uma geleira que fica entre duas montanhas.
Para chegar ao mirante para ver a geleira, passa-se por uma estrada cercada de bosques. O visitante que se ativer a observar a paisagem terá uma grata e sutil surpresa: o chão dos bosques de pinheiros é coberto por um musgo amarelo com folhas minúsculas, que dão um aspecto de chão fofo. São cinco tipos de musgo, com cores levemente diferentes.
Depois de deixar o carro no estacionamento do parque e caminhar por uma trilha fácil durante 15 minutos, o turista chega a um mirante do qual pode ver, de frente, o Ventisquero Colgante espremido entre as outras montanhas. Imensas cachoeiras se formam com o derretimento do gelo, que chama a atenção por ser azul.
No parque, é possível fazer outra caminhada, de cerca de uma hora, até outro ponto para ver o Ventisqueiro Colgante mais de perto. O passeio deve ser feito com um guia, que pode ser requisitado no próprio parque. O dia deve estar limpo para que os turistas possam andar pela encosta de morros sem correr o risco de escorregar. Para entrar no parque, adultos pagam uma taxa de 1.500 pesos chilenos, o que equivale a aproximadamente US$ 2.

Puerto Puyuhuapi
Seguindo a Carretera Austral para o norte, o turista passa por Puerto Puyuhuapi, um povoado que se sustenta pela pesca e por uma fábrica de tapetes montada por quatro alemães que fugiram para o Chile depois da Segunda Guerra Mundial. Foram eles que descobriram as termas de Puyuhuapi, fontes de águas quentes, vindas de vulcões, que ficam, agora, dentro do Hotel Termas de Puyuhuapi.
Esses são alguns dos pontos que aguardam quem viaja pela estrada da Patagônia. Quem quiser explorar os mais de 1.000 km da Carretera Austral terá surpresas, mas para que nenhuma seja negativa, é bom atentar à gasolina do carro e à comida. A baixa quantidade de moradores na região não garante postos de gasolina e restaurantes à beira da estrada.


Heloisa Helena Lupinacci viajou a convite da Patagonia Connection


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