|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Roteiro das pingas ainda não está estruturado, e fabricantes locais têm comportamento inocente
Prosa acanhada dá mais graça a alambiques
DA ENVIADA A SÃO JOSÉ DO RIO PARDO
Desde que a porquinha Chica
nasceu, há quatro meses, Pascoal
Mantovani, 70, tem uma companheira no trabalho. Apesar de não
fazer mais o serviço pesado da feitura artesanal da pinga, o que
aprendeu aos oito anos, Mantovani acompanha o trabalho dos filhos que tocam o alambique com
o nome da família. Chica segue o
dono como um cachorro. De tão
acostumada, a porquinha só falta
latir. Deita, pede carinho, espreguiça sobre o bagaço da cana. E
corre em direção a Mantovani.
Em São José do Rio Pardo, são
cinco os alambiques de pinga artesanal. O departamento de turismo da cidade quer montar um roteiro da pinga, embora não haja
nada formalmente estruturado.
Com isso, o visitante dos alambiques não é atormentado por
pessoas querendo vender seu
produto a qualquer custo. Por outro lado, a estrutura rudimentar
pode causar espanto: em muitos
alambiques, a pinga é comercializada em garrafas de plástico.
Além de a pinga rio-pardense
ser de boa qualidade, o que conquista nos alambiques é a falta de
pressa dos seus proprietários.
Com paciência, eles explicam o
processo da fabricação da bebida,
contam histórias de suas vidas e o
motivo de estarem lá.
E é uma delícia perceber que a
pouco mais de três horas da
maior metrópole do país ainda
existam pessoas como José Ricardo Giovanelli, 42, dono do alambique que leva seu sobrenome.
Descendente de italianos que foram para São José do Rio Pardo e
começaram seu negócio com a
produção de rapadura, ele preferiu apostar na pinga, que vende
para consumidores da região.
Quando chega um visitante diferente, ele se sente intimidado,
com um olhar envergonhado,
meio sem jeito, como se o outro
fosse mais importante do que ele.
Mas é só começar um bate-papo
sobre o assunto que Giovanelli
mais entende, o feitio da pinga,
que ele explica tudo.
O mais interessante é que, apesar de seu alambique ter uma pequena área para visitantes com
placas informando os valores do
litro (R$ 2,50) e do garrafão (R$
12) e um alerta de que lá não se
vende fiado, a ingenuidade de
Giovanelli não lhe permite evitar
que um conhecido leve um garrafão sem pagar ou que os visitantes
saiam do local sem degustar um
golinho da bebida.
As informações sobre os alambiques podem ser obtidas na Casa
Euclidiana, onde funciona o departamento de turismo da cidade
(veja tel. na pág. F7).
(MIRELLA DOMENICH)
Alambiques - Giovanelli: sítio Paula Lima, ao lado do trevo de entrada da cidade, tel. 0/xx/19/3608-3664; da Lage: r.
Henry Nestlé, 404, tel. 0/xx/19/3608-5334; Mantovani: sítio Recreio, rod. SP-350, km 268, sentido São José do Rio Pardo-Guaxupe, tel. 0/xx/19/3608-2901.
Texto Anterior: São José do Rio Pardo tem jeitinho mineiro Próximo Texto: Cidade improvisa ecoturismo Índice
|