|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARLES DAS ARTES
Quadros do artista retratam a região da Provença, cuja cultura popular abriga até touradas
Van Gogh enxergou outra luz na cidade
LUIZ ANTONIO DEL TEDESCO
enviado especial à França
Mesmo que se queira, é difícil
falar de Arles (França) sem citar
Van Gogh. O motivo principal
-mas não exclusivo- é a enorme quantidade de girassóis decorando o que quer que seja. Desde
toalhas de mesa de restaurantes,
porcelanas e infinitos tipos de
pôsteres nas lojas até camisas e
vestidos dos habitantes locais.
Van Gogh se mudou para a cidade em fevereiro de 1888 decidido a ver uma outra luz. E conseguiu. Foram exatamente a luz e as
formas da região da Provença que
Van Gogh explorou em seus quadros. Uma de suas obras mais conhecidas, "A Arlesiana", retrata
uma habitante da cidade.
No Hôtel-Dieu (uma espécie de
Santa Casa, construído em 1573),
o pintor foi internado em 1888,
quando cortou sua própria orelha
após as disputas com Gauguin.
Em fevereiro de 1889, Van Gogh
voltou a ser internado no local a
pedido de seus vizinhos, que julgavam-no louco. Hoje, no Hôtel-Dieu funciona o Espace Van
Gogh, uma fundação destinada à
obra do artista que foi aberta ao
público em 1989. O jardim interno do lugar foi refeito -com as
flores que existiam à época- baseado na tela "O Jardim da Casa
de Saúde de Arles", do artista.
Arles também tem participação
importante na cultura, digamos,
"popular". Foi ali que nasceu, em
1830, Fréderic Mistral, o poeta
que defendeu a língua da Provença, na época em que as línguas regionais eram combatidas na
França. Mistral foi o autor de "Mireille", poema épico que virou
ópera pelas mãos de Charles Gounod em 1864.
No Museon Arlaten, criado pelo
poeta em 1896 e dedicado à etnografia da região, pode-se ver a
preocupação que Mistral tinha
com a perda da identidade provençal. Com o dinheiro do Prêmio Nobel que ganhou em 1904,
ele organizou o museu para mostrar o cotidiano da vida da Provença antiga.
Festa e jogo
Em Arles cultura popular também é festa e jogo. Quase vizinhos, estão na cidade dois importantes remanescentes da civilização romana: o anfiteatro e o teatro, ambos utilizados até hoje.
As touradas locais -nas quais
o touro não é morto- acontecem
no anfiteatro, com capacidade para 20 mil pessoas. Shows de música e concertos são realizados no
teatro, onde "só" cabem 12 mil.
E se o touro não for considerado
apto para entrar numa tourada?
Não tem problema. A "gardiane
de taureau", carne de touro cozida no vinho com arroz, é um dos
pratos mais famosos da região.
Luiz Antonio Del Tedesco viajou a convite
Maison de la France e da Air France
Texto Anterior: Qualquer viagem - David Drew Zingg: Problemas em São Paulo? Pão e circo neles, diz o prefeito Próximo Texto: Temas de obras ainda existem Índice
|