São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

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CARNAVAL

Festa que tinha 12 dias é vista como oportunidade de trazer dinheiro e ânimo à cidade arrasada pelo Katrina

Nova Orleans faz Mardi Gras de oito dias

DA REDAÇÃO

Quase seis meses após a passagem do furacão Katrina, que arrasou Nova Orleans em 29/8, o Mardi Gras, tradicional Carnaval dessa cidade, terá a missão de encher as ruas de turistas e de ânimo.
A cidade precisa de uma celebração bem-sucedida, para dar um empurrão em sua economia, que ainda não se recuperou, e um refresco aos seus habitantes.
"O Mardi Gras é uma bússola", afirma Marie Stocker, ex-moradora da cidade. "A festa é o normal para a cidade, e todos querem um pouco de normalidade."
A festa costumava receber mais de 1 milhão de pessoas e gerava cerca de US$ 1 bilhão para a economia local. Mas, para este ano, ninguém sabe o que esperar.
Por causa do orçamento restrito, o Mardi Gras de 2006 já foi reduzido de seus usuais 12 dias ou mais para apenas oito, culminando em 28/2, dia do Mardi Gras propriamente dito, que quer dizer Terça-Feira Gorda. Pela primeira vez a cidade está procurando patrocinadores para assinar a festa.
Nova Orleans espera uma injeção de dinheiro comparável à do Superbowl de 2002, que aconteceu na cidade: US$ 400 milhões.
Turistas têm dificuldades ao fazer planos. Quartos de hotel estavam, até terça, ocupados por desabrigados. No começo desta semana, o corte da verba que pagava abrigo para essas pessoas causou o despejo de 12 mil famílias.
Até então, dos 38 mil quartos de que a cidade dispunha antes do furacão, 22 mil estavam em condições de uso. Desses, 14 mil estavam ocupados por desabrigados e por funcionários dos trabalhos de recuperação da cidade.
Frank Quinn, diretor de vendas da New Orleans Fine Hotels Inc., que tem dez hotéis na cidade, diz que a companhia está trabalhando com 2.000 quartos para o Mardi Gras, enquanto tenta terminar a recuperação de outros fechados desde a passagem do furacão.
"Estamos detectando uma forte demanda para o Mardi Gras e para dias normais também", diz Quinn. "As pessoas querem vir para cá, ver a cidade, apoiá-la e ver a devastação."
O aeroporto internacional Louis Armstrong, que hoje controla menos da metade dos 166 vôos diários de antes do furacão, espera mais trabalho.
A Southwest Airlines, principal companhia a voar para a cidade antes do Katrina, irá operar 18 vôos ligando Nova Orleans a Orlando (Flórida), Houston e Dallas (Texas), de 24 de fevereiro a 4 de março, para dar conta dos viajantes que vão ao Mardi Gras.
A gastronomia local também está lutando para recuperar seu espaço. Antes da tempestade, Nova Orleans tinha 3.414 restaurantes, que geravam US$ 2,1 bilhões em vendas anualmente, de acordo com a associação de restaurantes de Louisiana. Desde o Katrina, apenas um quarto desses restaurantes reabriu, segundo a associação. O crítico de restaurantes Tom Fitzmorris contabiliza 140 restaurantes de portas abertas atualmente, com menus e horários limitados.

Origem
O Mardi Gras chegou a Nova Orleans em 1699 com os franceses, que fizeram a primeira edição da festa às margens do rio Mississippi. Foram criadas "krewes", organizações locais, que promovem paradas e bailes. A data pode cair entre os dias 3 de fevereiro e 9 de março e é comemorada 47 dias antes do domingo de Páscoa. As cores do festival são roxo (representando a justiça), verde (fé) e dourado (poder).


Informações - www.NewOrleansOnline.com

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