São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MISTÉRIOS DO CEARÁ

Personagem de obra de 1865 de José de Alencar dá nome a principal ponto cultural da cidade

Ícone de Fortaleza está na praia da índia Iracema

DA ENVIADA ESPECIAL AO CEARÁ

O movimento abolicionista cearense, nascido em 1879, teve papel importante no cenário da derrocada da escravatura no país. Recusando-se a transportar escravos para os navios negreiros que aportavam no Estado, o líder jangadeiro Chico da Matilde acabou aclamado o Dragão do Mar.
O nome hoje é sinônimo de história. Foi usado para batizar o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, complexo de 30 mil m2, no coração de Fortaleza, que reúne o Museu de Arte Contemporânea (MAC), o Memorial da Cultura Cearense, anfiteatro, teatro, duas salas de cinema, auditório, loja de artesanato, livraria, cafeteria, planetário e galerias de arte.
Tudo rodeado por bares e restaurantes instalados em antigos armazéns restaurados, onde se come baião-de-dois e outras maravilhas da culinária cearense regadas a um repertório eclético de música -na maioria dos locais, com som ao vivo.
Na quarta-feira é dia de blues e jazz no Caros Amigos (tel. 0/xx/ 85/226-6567). Na sexta, quem gosta de MPB vai para o Vento em Popa (tel. 0/xx/85/219-2820).
O Dragão do Mar foi construído na praia de Iracema, maior ponto de convivência e lazer da capital. Estão ali o bar Pirata -que só funciona às segundas-feiras, mas torna a noite uma das mais animadas do forró no Estado-, o Estoril -misto de restaurante com galeria de arte frequentado por intelectuais durante o regime militar- e a ponte dos Ingleses (ou Metálica), ponto de observação de golfinhos e do pôr-do-sol e onde os namorados e estudantes se reúnem à noite para tocar violão e conversar.
Um pouco além do Beach Side, boa música -mecânica- e um interessante painel esperam no Cais Bar. A pintura traz caricaturas de cantores e compositores da MPB. É divertido passar alguns momentos identificando os personagens. A tarefa mais difícil é encontrar Maria Bethania.
Perto dali, a estátua de seis metros de altura da índia Iracema (de Zenon Barreto), ícone da praia, ainda empunha seu arco em defesa do "moço branco" (no romance "Iracema", de 1865, José de Alencar narra a história de amor entre a índia e o guerreiro branco Martim).
Antes de voltar para casa, uma passada no Mercado Central, próximo ao Dragão, resolve o problema dos presentes. Construído originalmente para a venda de frutas e verduras, o prédio acabou sendo reformado e ganhando boxes de artesanato. (RGV)


Texto Anterior: Casal de artistas transforma sua casa em museu de arte cearense
Próximo Texto: Falésias formam labirinto colorido na beira do mar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.