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MISTÉRIOS DO CEARÁ
Personagem de obra de 1865 de José de Alencar dá nome a principal ponto cultural da cidade
Ícone de Fortaleza está na praia da índia Iracema
DA ENVIADA ESPECIAL AO CEARÁ
O movimento abolicionista
cearense, nascido em 1879, teve
papel importante no cenário da
derrocada da escravatura no país.
Recusando-se a transportar escravos para os navios negreiros
que aportavam no Estado, o líder
jangadeiro Chico da Matilde acabou aclamado o Dragão do Mar.
O nome hoje é sinônimo de história. Foi usado para batizar o
Centro Dragão do Mar de Arte e
Cultura, complexo de 30 mil m2,
no coração de Fortaleza, que reúne o Museu de Arte Contemporânea (MAC), o Memorial da Cultura Cearense, anfiteatro, teatro,
duas salas de cinema, auditório,
loja de artesanato, livraria, cafeteria, planetário e galerias de arte.
Tudo rodeado por bares e restaurantes instalados em antigos
armazéns restaurados, onde se
come baião-de-dois e outras maravilhas da culinária cearense regadas a um repertório eclético de
música -na maioria dos locais,
com som ao vivo.
Na quarta-feira é dia de blues e
jazz no Caros Amigos (tel. 0/xx/
85/226-6567). Na sexta, quem
gosta de MPB vai para o Vento em
Popa (tel. 0/xx/85/219-2820).
O Dragão do Mar foi construído
na praia de Iracema, maior ponto
de convivência e lazer da capital.
Estão ali o bar Pirata -que só
funciona às segundas-feiras, mas
torna a noite uma das mais animadas do forró no Estado-, o
Estoril -misto de restaurante
com galeria de arte frequentado
por intelectuais durante o regime
militar- e a ponte dos Ingleses
(ou Metálica), ponto de observação de golfinhos e do pôr-do-sol e
onde os namorados e estudantes
se reúnem à noite para tocar violão e conversar.
Um pouco além do Beach Side,
boa música -mecânica- e um
interessante painel esperam no
Cais Bar. A pintura traz caricaturas de cantores e compositores da
MPB. É divertido passar alguns
momentos identificando os personagens. A tarefa mais difícil é
encontrar Maria Bethania.
Perto dali, a estátua de seis metros de altura da índia Iracema (de
Zenon Barreto), ícone da praia,
ainda empunha seu arco em defesa do "moço branco" (no romance "Iracema", de 1865, José de
Alencar narra a história de amor
entre a índia e o guerreiro branco
Martim).
Antes de voltar para casa, uma
passada no Mercado Central, próximo ao Dragão, resolve o problema dos presentes. Construído originalmente para a venda de frutas
e verduras, o prédio acabou sendo
reformado e ganhando boxes de
artesanato.
(RGV)
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