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TAXIANDO NA CAPITAL
Em entrevista exclusiva, criadora da tira "Superadas" indica o que fazer na cidade até a madrugada
Maitena "ciceroneia" brasileiro em Bs As
MARGARETE MAGALHÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
Buenos Aires encanta, ensina e
diverte. A viagem pela capital argentina, que, no ano passado, recebeu 2,8 milhões de turistas estrangeiros, fica mais saborosa
quando as dicas sobre o que fazer
lá vem de um portenho. O tour
melhora quando os toques são da
mais famosa cartunista e chargista argentina: Maitena Burundarena, 43, criadora da tira "Superadas", publicada na Folha aos domingos e em revistas e jornais de
mais de 20 países.
Um passeio pela Buenos Aires
de Maitena mostra os lugares para comprar, namorar, bailar, cortar cabelo ou simplesmente tomar
uns tragos e ver gente passar. Ela
também fala de seu restaurante
preferido, o El Obrero, no bairro
La Boca, freqüentado por senhoras e por Bono Vox, e de bares
descolados em Palermo, como o
Olsen, que tem 60 tipos de vodca.
Na capital, diz Maitena, não há
um canto do qual ela se envergonhe. "Os contrastes é que dão o
caráter às cidades", diz.
Leia entrevista exclusiva concedida à Folha do balneário uruguaio de La Pedrera, a 240 km de
Montevidéu, onde Maitena vive
parte do tempo "para trabalhar
mais tranqüilamente", segundo o
marido e assessor, Daniel Kon.
Sim, Buenos Aires é agitada. Estendendo à capital a qualidade
que Maitena dá ao bar Niceto, a
cidade "nunca dorme e surpreende sempre".
Folha - O que você recomenda para fazer num dia com sol e num com
chuva em Buenos Aires?
Maitena Burundarena - Num dia
de chuva, há livrarias magníficas
para ir. Uma no bairro Norte, a El
Ateneo (Santa Fé com Robamba),
fica num lugar onde funcionava
um teatro. Ela conserva os palcos
superluxuosos, o cenário, onde há
um bar, e uma cúpula impressionante. Há todos os tipos de livro, e
a seção infantil, com cadeiras e
mesas pequenas, é um lugar muito bom para passar um par de horas com as crianças. A duas quadras dali fica a loja de discos Notorious (Callao, 966), onde é possível escutar uns discos interessantes num ambiente muito "cool".
Há um bar que dá para um jardim
e, em várias noites, há música ao
vivo. Outra livraria que recomendo é a Boutique del Libro (Thames, 1.762), em Palermo, cheia de
objetos, edições especiais e livros
para os que os amam.
Num dia de sol, iria passear pela
Recoleta, pelo cemitério e pelos
parques, passando pela feira de
artesanato. Almoçaria em Puerto
Madero, em algum restaurante
com vista para a ponte de Calatrava. À tarde, iria a San Telmo, o
bairro colonial, cheio de antiquários e de ruelas de pedras. Se fosse
um domingo, comeria no Telmo
Bar (Carlos Calvo com Bolivar),
uma pequena pensão, baratíssima, onde são feitos uns malfatti
de espinafre gloriosos. À noite, levaria ao meu restaurante favorito
na Boca, o El Obrero (Cafarena,
64), outro boteco, mas esse é
grande e lotado, muito lindo, com
fotos de futebol antológicas e um
ambiente único. Come-se bem
sem pagar muito. É freqüentado
por senhoras do bairro com bóbi
no cabelo, mas você também pode encontrar o Bono (sim, Bono)
comendo na mesa ao lado. Não é
sempre, claro. Outros restaurantes de que gosto são o Oviedo
(Olazábal, 5.501), onde se come
como os deuses, em um ambiente
bastante informal, mas muito elegante, e o Sifones & Dragones
(Ciudad de la Paz, 174), que só
tem quatro mesas, com cozinha à
vista, ao lado da mesa, show de
cozinheiros e uma carta de vinhos
muito moderna. É um lugar especial. O Green Bamboo (Costa Rica, 5.802) serve pratos orientais
sofisticados e belíssimos e sucos
de frutas exóticas, num ambiente
escuro e misterioso.
Folha - Aonde você levaria um
amigo brasileiro para passear? E se
fosse uma amiga?
Maitena - A amiga, levaria ao
meu cabeleireiro, Volumen 3 (Paraná, 1.163), onde, além de ganhar
um supercorte de cabelo, ela poderia tomar algo e ouvir boa música, num lugar muito divertido.
Na verdade, também poderia levar um amigo lá, porque o salão é
unissex, mas não sei se um turista,
homem, iria ao cabeleireiro. A
duas quadras, na Santa Fé com a
Rodriguez Peña, fica a galeria
Bond Street (Santa Fé, 1.670), onde convivem punks, góticos, skatistas, tatuadores. O lugar está
cheio de lojas originalíssimas (Rayo Rojo, de revista em quadrinhos, e Unmo, de jeans).
Folha - Os roteiros para homem e
mulher seriam diferentes?
Maitena - Não, não seriam passeios diferentes, a não ser para
sair às compras, não? O passeio
depende muito da característica
de cada um. Algumas pessoas eu
levaria a um museu, como o Malba (Figueroa Alcorta 3.415), que é
ótimo; outros, ao hipódromo de
Buenos Aires, que é fantástico. Ou
ao estádio da Boca, para ver uma
partida emocionante. Outros, poderia levar ao Parque Japonês, para caminhar sobre pontes vermelhos e alimentar os peixes, ou à reserva ecológica e andar de bicicleta ao lado do rio. O zoológico de
Buenos Aires também é muito
lindo e está no meio da cidade.
Folha - Em que lugares da cidade
você teria vergonha de passar?
Maitena - Nenhum. Os contrastes é que dão o caráter às cidades.
Gostaria que não houvesse crianças mendigando nas ruas, mas estamos na América Latina, e as coisas não são fáceis.
Folha - Qual é o lugar mais romântico em Buenos Aires?
Maitena - A velha confeitaria La
Ideal (Suipacha, 384), que é como
estar num filme de Bertolucci, onde, além de tudo, todas as tardes
dança-se o verdadeiro tango.
Folha - Que suvenir você indicaria
para levar de lembrança?
Maitena - Depende. Minha loja
preferida é a Tramando (Rodriguez Peña com Posadas), de pesquisa têxtil e moda de um nível
criativo altíssimo. Virando a rua,
Perez Sanz trabalha com metais e
pedras e faz umas peças incríveis.
Desde jóias até cintos, tudo com
um talento bárbaro. A Calma Chicha (Honduras, 4.925), em Palermo, tem objetos divertidos para
casa, de todos os preços. Finalmente, uma boa garrafa de vinho
de Mendoza, algum Catena Zapata, é sempre uma boa lembrança.
Folha - O que você faria com um
amigo que não comesse parrilla?
Maitena - Levaria para comer na
Dominga (Honduras, 5.618), que
tem de tudo. E, se não quiser comer nada, pode tomar uma boa
bebida e se divertir somente
olhando as pessoas.
Folha - Quais as opções para
quem não come parrilla?
Maitena - Buenos Aires tem uma
oferta gastronômica impressionante. Pode-se provar comida
mexicana, japonesa, tailandesa,
árabe, mediterrânea e uma centena de outras opções. Há restaurantes abertos durante a madrugada, onde se come até as 3h (Pepito, na Corrientes com Uruguay,
por exemplo, ou Edelweiss, na Libertad com Corrientes).
Folha - Para a balada, quais lugares você recomenda?
Maitena - Sem dúvida, o melhor
é dar uma volta por Palermo Viejo e tomar uns drinques em vários
bares, como uma vodca no Olsen
(Gorritti, 5.870), que tem mais de
60 tipos da bebida, uma caipirinha no Diamante (Malabia, 1.688)
ou uma taça de vinho no La Central (Costa Rica, 5.644). Se não
achar nada em Palermo, siga para
o Boquitas Pintadas (Estados
Unidos, 1.393), no centro, tome
uma cerveja ou saia para dançar
ao som da música de algum DJ recém-chegado de algum país remoto, ou passe por El Danzon (Libertad, 1.161) para ouvir música,
comer um sushi ou tomar um trago entre um monte de gente linda
e barulhenta. De madrugada, vá
ao Niceto (entre Vega e Humboldt), que nunca dorme e surpreende sempre.
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