São Paulo, segunda, 16 de novembro de 1998

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SAFÁRI NA ÁFRICA
Edificado em cima de árvore, Treetops abrigou a então princesa Elizabeth quando ela se tornou rainha
Hotel tem bunker que exibe jantar de leoas

Hotel Treetops, de cujas janelas e varandas é possível observar os animais selvagens bebendo água à noite na África

O Quênia é o país mais procurado por viajantes interessados em conhecer a vida selvagem africana. O país tem mesmo animais de sobra. Tem também grande variedade de culturas, com aproximadamente 40 milhões de habitantes divididos em cerca de 70 tribos.
O ideal é conhecer o país de carro, numa viagem circular que costuma demorar cerca de sete dias, a partir da capital, Nairóbi.
Primeiro dia de viagem. Apenas alguns quilômetros rodados e os cafezais, principal produto agrícola do Quênia, já dominam a paisagem montanhosa, de um verde exuberante.
O objetivo é o hotel Treetops, a cerca de quatro horas, no parque nacional de Aberdares, situado a 3.500 metros de altura e coberto por uma densa e úmida floresta.
Construído nos galhos de uma árvore, o Treetops tornou-se mundialmente famoso porque a então princesa Elizabeth estava hospedada lá em 6 de fevereiro de 1952, quando soube da morte de seu pai, o rei George 6º, e se tornou rainha da Inglaterra.
Embora a casa original na árvore tenha sido destruída por um incêndio em 1955, o hotel foi reconstruído, novamente em madeira, agora sobre pilares e com mais quartos.
Suspenso sobre uma lamacenta poça d'água, o hotel oferece uma experiência única e bem divertida.
Das varandas ou salas envidraçadas, sentado numa poltrona de couro com uma xícara de chá ou um copo de uísque na mão, o hóspede assiste ao desfile de animais que vêm até o lago, durante a noite, para beber água e lamber os sais minerais misturados ao barro.
Também há um bunker, parcialmente enterrado no chão, de onde se pode ver, através de pequenas janelas, os bichos a uma distância de pouco mais de um metro.
Na noite em que estive lá, a festa começou com a chegada de uma manada de mais de cem búfalos. Em seguida, seis leoas surgiram e caçaram um javali.
Após o (nosso) jantar, vieram três rinocerontes, entre eles um filhote. Quase extintos, estão entre os animais mais raros da África.
No segundo dia, bem cedo, a viagem continua pela região central do Quênia, densamente cultivada e povoada por grupos étnicos vestidos com roupas exóticas e coloridas. Antes do almoço, chega-se ao lago Naivasha, um descanso na viagem à reserva de Masai Mara.
A grande atração é o passeio a pé pela Crescent Island, ilha próxima ao hotel Lake Naivasha Country Club, onde centenas de herbívoros -gnus, zebras, girafas e gazelas- e diversas espécies de pássaros vivem protegidos dos predadores.
No terceiro dia, a estrada, empoeirada e cheia de buracos, atravessa uma região árida e inóspita. Surgem os primeiros masais.
Altos e magros, com mantos quadriculados em tons de vermelho jogados sobre os ombros e enfeites distribuídos por todo o corpo, os membros dessa etnia, uma das mais famosas do continente negro, pastoreiam seus rebanhos de cabras pela planície dourada, onde também vivem os grandes gatos selvagens. (OTÁVIO DIAS)



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