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POR DENTRO DA COSTA DO DESCOBRIMENTO
Arqueologia desenterra história do Brasil
da enviada especial a Porto Seguro
Um projeto de mapeamento arqueológico na região de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália está desenterrando uma história que o
Brasil ainda não conhece. Por meio
desse trabalho, estão surgindo
fragmentos de civilizações brasileiras das épocas pré e pós-descobrimento.
Até agora 22 sítios arqueológicos
foram localizados. Os mais antigos
são os do tipo sambaqui, que indicam a existência de culturas anteriores à dos índios tupis, que habitavam o litoral do país na época do
descobrimento.
Foram encontrados também sítios pré-históricos, que dizem respeito às civilizações indígenas da
época da chegada dos portugueses,
além de sítios históricos, que revelam resquícios da cultura européia
trazida para o Brasil.
Há ainda os sítios de contato, que
indicam a convivência entre índios
e europeus. Por fim, há os sítios de
engenho de açúcar. Muitos fragmentos já foram resgatados nesses
lugares, principalmente de cerâmica indígena e européia.
A maior peça achada até agora
foi uma urna funerária indígena,
encontrada atrás da igreja de São
João Batista, em Trancoso.
"Não sabemos ainda se a urna
data do período pré ou pós-descobrimento", diz a arqueóloga Leticia de Barros Mota, 27, que faz parte do grupo de cinco arqueólogos
que coordena o trabalho de mapeamento dos sítios.
A urna foi encontrada em agosto,
por um morador de Trancoso. Ele
estava cavando uma área para
plantar coqueiros e de repente sentiu que havia batido em uma parte
oca. O morador resolveu desenterrar o objeto e depois chamou a
equipe de arqueólogos.
"Quando chegamos, a peça já estava quase toda desenterrada. A
população se reuniu em volta do
desenterramento e acompanhou
todo o processo. Muita gente achava que era ouro", conta Leticia.
²
Restos mortais
Outro achado arqueológico
ocorrido em Trancoso se deu dentro da igreja. Foram encontrados
restos mortais de três pessoas, provavelmente padres.
Os ossos estavam em bom estado
de conservação, e cada corpo usava uma mortalha. Segundo Leticia,
os restos mortais foram descobertos em setembro de 97, quando o
piso da igreja ia ser trocado.
A arqueóloga conta que não foi
possível retirar os ossos do local.
Eles foram apenas mapeados, fotografados e novamente cobertos.
"Para retirá-los de lá, precisaríamos de um local apropriado, perto
da igreja, para acondicioná-los, e
não há verba para isso", conta a arqueóloga.
Assim como aconteceu com a urna, os moradores achavam que se
tratava de ouro.
(MiF)
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