São Paulo, segunda, 17 de março de 1997.

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PÁSCOA EM ISRAEL
Local da crucificação foi definido no século 4º
Peregrinos buscam o Santo Sepulcro

Eder Chiodetto/Folha Imagem
Túmulos cobertos por pedras no cemitério do monte das Oliveiras


do enviado especial a Israel

No próximo dia 30, domingo de Páscoa, os cristãos comemoram a ressurreição de Jesus. Milhares de peregrinos do mundo inteiro seguirão os passos do seu redentor na via Dolorosa, cruzando o mercado árabe para alcançar o mais sagrado dos templos para o cristianismo: o Santo Sepulcro.
Ali estão o Calvário, onde Jesus teria sido crucificado na sexta-feira, e o Santo Sepulcro, de onde ele teria ressuscitado no domingo.
Os locais foram determinados no século 4º por santa Helena, mãe do imperador Constantino. Se os locais não são precisos é uma questão menor para a fé dos cristãos das sete igrejas de diferentes tendências que administram o local.
Logo na entrada do templo, há uma pedra retangular, onde o corpo de Jesus teria sido colocado após morrer na cruz.
Mas a entrada para o Santo Sepulcro é o momento de maior emoção para os peregrinos. São duas pequenas salas com uma entrada estreita e baixa. Na segunda sala, onde não cabem mais que três pessoas por vez, está o Santo Sepulcro, iluminado por velas. Momento de catarse para os fiéis.
Outro monumento de adoração dos cristãos é a abadia do Adormecimento, no monte Sião, também dentro das muralhas. Ali, a Virgem Maria teria deitado para repousar, quando morreu e sua alma teria sido levada para o céu.
Há uma bela escultura da Virgem dormindo e um mosaico dourado na cúpula, onde se vê a imagem de Maria segurando Jesus. É possível acender velas e orar.
Próximo dali está o local da última ceia de Jesus com os apóstolos e o túmulo do rei Davi, adorado pelos judeus.
Muro das Lamentações
O Muro das Lamentações, considerado o local mais sagrado do judaísmo, é um fragmento de 20 metros de altura por 27 metros de comprimento do que restou do Templo de Jerusalém, construído há cerca de 2.000 anos.
O nome se deve ao fato de os judeus irem ao muro para lamentar a perda do Templo. Segundo a crença, o muro amanhece com orvalho porque ele chora com os seus lamentadores.
Ali os judeus ortodoxos fazem suas preces sempre com um movimento ritmado do corpo.
Se você tiver sorte, poderá assistir a uma cerimônia de bar-mitzvá. É o ritual que o garoto judeu, aos 13 anos, cumpre para entrar no mundo adulto. Ele vai poder ler, pela primeira vez, a Torá, as escrituras sagradas do judaísmo. Todos os parentes homens participam da cerimônia. As mulheres não. Elas possuem acesso apenas a um pequeno canto do muro.
Evite visitar o muro desde o crepúsculo de sexta-feira até o momento em que surgem três estrelas no céu de sábado. Esse é o período do descanso semanal judaico. O muro funciona normalmente, mas é proibido fotografar e fumar nas suas proximidades.
Turistas do mundo inteiro vão ao muro para colocar seus pedidos, por escrito, nas frestas dos blocos. A fé na tecnologia ajuda quem não está com planos de ir à Terra Santa tão cedo. Pelo fax 00-972-2-561-2222 você pode encaminhar o seu pedido para a administração do muro.
Quem quiser se informar mais pode consultar a Internet em http://www.virtual.co.il. O e-mail é webmaster@virtual.co.il.
Domo da Rocha
Esteticamente falando, o Domo da Rocha, construído em 691 d.C., é o local mais arrebatador da cidade. Sua cúpula com 80 kg de ouro e seu entorno de azulejos azuis podem hipnotizar. Lá dentro, as atenções se voltam para a rocha, de onde, segundo a tradição islâmica, Maomé subiu ao céu.
Esse templo é considerado o terceiro mais sagrado pelos muçulmanos, após os de Meca e Medina. Cada oração feita ali dentro, segundo a tradição, vale por mil feitas em outro local. Há supostas pegadas de Maomé no rochedo e alguns fios de cabelo que teriam sido do profeta guardados num gabinete de madeira próximo à porta.
Ao lado do Domo da Rocha está a mesquita Al Aqsa. Nesses dois locais é proibido fotografar, deve-se tirar o calçado e fazer silêncio. Aproveite para descansar um pouco e meditar.
Apesar das divergências políticas, Jerusalém é bastante segura para o turista. Praticamente não existe violência urbana. A taxa de homicídios é um sétimo da de Washington, que tem população semelhante. (EDER CHIODETTO)

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