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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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CALIFÓRNIA 2003

Mais nova metamorfose inclui retoques no jardim Yerba Buena e no seu shopping "high-tech", o Metreon

San Francisco viu tremer a terra e as artes

Silvio Cioffi/Folha Imagem
Vista do hotel Mandarin Oriental San Francisco desvela a Golden Gate (à esq.), a Transamerica Pyramid (prédio mais alto, em primeiro plano) e a torre Coit (à dir.)


SILVIO CIOFFI
ENVIADO ESPECIAL À CALIFÓRNIA (NORTE)

Epicentro de abalos sísmicos, San Francisco nasceu Yerba Buena, em 1776, ardeu em chamas depois do terremoto, em 1906, e quase foi solapada quando a terra tremeu na Califórnia, em 1989.
Metrópole cosmopolita e discreta de 800 mil habitantes -que recebe anualmente 3 milhões de estrangeiros-, San Francisco (www.sfvisitor.org) também lidou, ao longo da história, com um furacão de influências e transformações, da imigração em massa à contracultura, desde que a Califórnia (www.visitcalifornia.com) descobriu o seu ouro, em 1848.
Assim, San Francisco forjou um perfil ultracontemporâneo (e algo vitoriano), fundindo vocações. Voltou-se para o Extremo Oriente e para o Pacífico no final dos anos 1800; viu o progresso se traduzir em fortunas e em grupos financeiros e de mídia nos anos 1920; foi sede do encontro que criou a ONU em 1945; gerou a contracultura entre 1950 e 1968.
Em 1915, mal saída da restauração pós-terremoto de 1906, foi sede da exposição Panamá-Pacífico, alusiva à conclusão do canal, recebendo 20 milhões de pessoas.
Debruçada no fundo da baía que os locais chamam de "Bay Area" e que, de tempos em tempos, é varrida por terremotos comportamentais, "Frisco" (apelido que a cidade rejeita) se mantém numa vanguarda em relação às artes e às letras nos EUA.
A mais recente das transformações teve início em 1995, quando o museu SFMoMA, obra do suíço Mario Botta, abriu as portas (leia à pág. F5). E está quase concluída com os últimos retoques nos jardins Yerba Buena, complexo que inclui o Metreon, shopping "high-tech" de diversões, lojas e 15 cinemas da Sony, ao lado do centro de convenções Moscone.
Não longe dali, encravada numa colina, a Union Square encerra marcos da metrópole que trabalha, enquanto a antiga área portuária, em torno do Fisherman's Wharf, à beira da baía, assumiu uma vocação turística.
Seja no centro, em volta da Union Square, ou na região à beira da baía, entre as pontes Golden Gate e Bay (a Bay Bridge), San Francisco foi feita para passear.
Sinalização histórica e fotos do Museu Marítimo (leia à pág. F4) trazem à tona a imigração: a cidade é marcada por diferenças étnicas, seja nos bairros contíguos à Union Square (Chinatown e Little Italy), seja em centros como Japan Town (www.japantown.citysearch.com).
Entre os passeios mais turísticos, estão o Pier 39 (www.pier39.com) e a Ghirardelli Square (www.GhirardelliSq.com), repletos de gente nos finais de semana.

Golden Gate literária
Servida por linhas de bondinho, os "cable cars", San Francisco não era o sonho dourado do escritor sulista Mark Twain -que, no fim do século 19, afirmou: "O inverno mais frio da minha vida ocorreu num verão de San Francisco". Mas foi, sim, ponto de partida para outros, que buscavam o exotismo da Polinésia -caso do escocês Robert Louis Stevenson a bordo do Casco, em 1888, e Jack London, lá nascido, que capitaneou o Snark, em 1907.
Nos anos 50, San Francisco novamente marcou o mundo das letras com a geração "beat", representada por Jack Kerouac e ainda viva na livraria City Lights (www.citylights.com). Cinquentenária, na 261 Columbus Avenue, a City Lights tem do lado de fora bandeiras formando a frase "Stop the war and war makers" (Parem a guerra e quem a faz). O editor e poeta Lawrence Ferlinghetti mantém a vitrina "Not in Our Name" (não em nosso nome), onde estão panfletos redigidos por intelectuais como o linguista Noam Chomsky que se opõem, agora mesmo, à guerra no Iraque.

Silvio Cioffi, editor de Turismo, viajou a convite do Escritório Econômico e Cultural de Taipei (SP), da United Airlines e da Hertz Rent a Car.


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